Pesquisa mostra absenteísmo em hospital da região metropolitana de SP

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Felipe Pereira Rocha é mais um aluno que obteve o título de mestre pelo Programa de Pós Graduação em Trabalho, Saúde e Ambiente da Fundacentro. Intitulada: “Caracterização do absenteísmo-doença associado aos afastamentos por licença-médica: Estudo de caso em um Hospital Estadual de São Paulo”, a pesquisa realizada pelo aluno foi estudar o absenteísmo-doença dos funcionários de um hospital público estadual de São Paulo, no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2013, utilizando uma abordagem quantitativa com análise documental, retrospectivo, descritivo e transversal, fornecidos pelo SESMT da empresa.

Felipe é enfermeiro do trabalho e funcionário do hospital estudado. Ele conta que sua motivação para a realização da pesquisa se baseou no fato de que ele é recém contratado e queria contribuir para a melhoria da gestão no que se refere aos afastamentos do trabalho. “Procurei a gestão do hospital e foi muito positiva a aceitação do nosso trabalho, pois não havia uma base de dados estatísticos disponível”, observa.

As categorias pesquisadas incluíram três profissões: enfermeiros, médicos e auxiliares, sendo que a última, é a função mais acometida pelo absenteísmo-doença.

Para chegar aos números, Felipe analisou os dados tendo como base as taxas de absenteísmo recomendadas pela International Commission on Occupational Health, um indicador proposto por Hensing e demais autores (1998), além do índice de frequência de licenças médicas de trabalhadores e de duração do absenteísmo.

Para o período estudado de três anos foram computados mais de 71 mil dias de afastamentos e mais de três mil licenças-médicas concedidas a 1.401 trabalhadores. Registrou-se ainda no mesmo período, 0,89 licenças-médicas por trabalhador; 37% dos trabalhadores necessitaram ao menos uma licença-médica com uma duração média das ausências de 21,29 dias.

O estudo revela ainda que o setor hospitalar com maior número de dias de afastamentos foi o pronto-socorro adulto alcançando 15.219 dias no período considerado.

A maior proporção dos episódios de licença-médica para as categorias estudadas no pronto-socorro deveu-se às Doenças do Sistema Osteomuscular e do Tecido Conjuntivo (33,67%) e a Transtornos Mentais e Comportamentais (24,97%). Os indicadores revelaram um decréscimo das taxas de afastamento e um aumento da média de dias de ausência, refletindo mudanças no perfil de morbidade dos funcionários ao longo dos três anos considerados, com predomínio de agravos cujo tempo de recuperação e retorno ao trabalho são consideravelmente longos.

A pesquisa realizada por Felipe traz algumas recomendações no sentido de potencializar o SESMT na elaboração de estratégias de prevenção e promoção da saúde dos trabalhadores da equipe de enfermagem e médica. O autor avalia como fundamental a garantia da saúde desses profissionais pelos órgãos governamentais da esfera pública estadual, pois o adoecimento e as longas ausências motivadas por doença, além de provocarem prejuízos aos próprios servidores e suas famílias, favorecem a queda da qualidade assistencial proporcionada à população. Nesse sentido, o investimento em ações voltadas para a promoção da saúde e segurança dos trabalhadores levando em conta seus respectivos locais de trabalho é de importância vital para evitar o adoecimento e aposentadorias precoces.

Além disso, a dissertação revela um cenário desafiador onde os índices de absenteísmo-doença se mostram como ferramentas fundamentais para a compreensão do adoecimento da população trabalhadores e o fomento de estratégias de prevenção em SST. Os diagnósticos encontrados, apesar de bastante citados em diversos trabalhos disponíveis na literatura, ainda são responsáveis pelo adoecimento laboral desvelando, nesse aspecto, a necessidade de intervenções inovadoras que levem em consideração características da organização de trabalho, os seus inúmeros fatores de riscos, a subjetividade e humanização das relações profissionais.

Felipe teve como sua primeira orientadora, a pesquisadora da Fundacentro, Thais Helena de Carvalho Barreira quem possibilitou o desenvolvimento e sucesso do trabalho. Contudo, a dissertação foi acompanhada por Tereza Nathan, coordenadora do curso de Pós e pesquisadora da entidade, tendo como co-orientador, Cezar Akiyoshi Saito da Fundacentro e a convidada professora doutora em Medicina, Josefa Gardeãs Borrell da instituição de ensino, Uninove.

Fonte: Fundacentro

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