5 dicas de como as empresas podem cuidar da saúde mental no ambiente corporativo
No meio corporativo, existe a necessidade de se debater e encontrar soluções para o cuidado da saúde mental das pessoas. De acordo com um levantamento realizado com 300 empresas pela Mental Clean – Consultoria de Saúde Mental no Trabalho, os índices de tentativa e ideação suicidas tiveram um aumento de 367% em 2023. Nesse cenário, para especialistas da Mindsight, ecossistema de softwares que integra dados para gestão de pessoas, o RH possui um papel significativo na gestão de saúde mental dos profissionais de uma organização.
Apesar da preocupação com saúde mental no trabalho não ser um assunto recente, vivemos em um período em que questões como ansiedade e depressão vêm rapidamente se tornando assuntos mais recorrentes, o que é consequência do aumento do número de diagnósticos de transtornos mentais, que geram impactos em todas as esferas da vida das pessoas. “Nesse sentido, nós do RH temos um papel importantíssimo nessa questão. Afinal, uma gestão de pessoas não está completa sem levar em consideração as condições físicas e mentais”, pontua Tauane Santos, Especialista em Recursos Humanos e Sócia da Mindsight.
Saúde mental no ambiente corporativo
Defensoras de que um olhar integrado sobre o indivíduo para traçar programas de saúde mental auxiliam até mesmo na produtividade e nos resultados da empresa, as especialistas reuniram cinco dicas de como as empresas podem atuar em relação ao bem-estar dos colaboradores nesse Dia Mundial da Saúde Mental:
- Conhecer sobre o assunto e entender o impacto no negócio
Uma das razões pelas quais muitos profissionais ainda lutam para entender sobre o tema é que, além do estigma, não sabem exatamente o que significa saúde. A OMS (Organização Mundial da Saúde) define a saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças.
No DSM-V, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, existem mais de 300 tipos de diagnósticos de transtornos mentais. “As formas mais comumente conhecidas são depressão e ansiedade, mas existem muitos outros. Esquizofrenia, transtorno bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), além de transtornos alimentares e de personalidade, são todas formas de transtornos mentais”, explica a especialista
“Isso impacta diretamente na maneira como as pessoas realizam seu trabalho diário. Em sua forma mais severa, os transtornos mentais podem até mesmo impossibilitar uma pessoa de manter um emprego. Portanto, desde já, sabemos que esse tipo de condição pode aumentar bastante os índices de rotatividade da empresa, além de afetar a performance individual e coletiva. Ou seja, não apenas os indivíduos são afetados, mas sim a organização como um todo”, conclui.
- Estar atento aos sinais
Um aspecto desafiador do esgotamento dos funcionários é que cada caso é único. Alguns funcionários podem experimentar uma “queimadura lenta”, com sintomas aumentando ao longo do tempo, e outros podem “estourar” abruptamente quando atingem o ponto de inflexão.
Existem vários sinais de adoecimento do profissional e que os líderes podem e devem observar. Os principais são a incapacidade de tomadas de decisões simples, surtos, erros claramente evitáveis, aumento de cinismo, irritabilidade, pessimismo, obsessão por pequenos problemas na rotina de trabalho ou na realização de tarefas, falta de participação na equipe ou afastamento das interações e o aumento de problemas de saúde e bem-estar.
- Avaliar o esgotamento
Depois que os primeiros sinais de esgotamento forem descobertos, o próximo passo apropriado seria envolver os profissionais em tempo hábil para confirmar quaisquer suspeitas de esgotamento. “Incorporar um diálogo emocional e empático em reuniões individuais para permitir uma experiência mais natural sobre o tema de saúde mental. É importante considerar que é hora de fazer questionamentos que possam conduzir naturalmente à conversa principal. Essas perguntas devem fornecer pistas sobre possíveis gatilhos e causas do esgotamento do colaborador ao mesmo tempo que evita um tom de melhoria de desempenho que possa alarmá-lo”, explica Bárbara Nunes, Especialista em Sucesso do Cliente e Sócia da Mindsight.
“Algumas perguntas podem ajudar nessa etapa. É preciso questionar o funcionário em como ele está se sentindo em relação ao trabalho, se alguma coisa mudou em sua vida pessoal ou profissional, se algo lhe causou frustração ou gerou pressão”, informa ela. Nunes também reforça que é necessário oferecer ou permitir que o colaborador apresente uma forma ou possibilidade para aliviar sua carga de trabalho atual, mesmo que momentaneamente.
- Neutralizar as fontes de esgotamento
Alguns incentivos e ações podem permitir que o colaborador retome o controle emocional e podem fazer uma grande diferença na saúde dele. “O RH pode estabelecer limites claros para a tarefa realizada ou tempo de trabalho em cima dela. É importante, também, reavaliar prazos existentes e urgências que, em um primeiro momento podem se mostrar prioridades e, com uma análise maior, se revela o contrário”, explica Nunes.
Alguns hábitos diários também são necessários para manter o controle e a saúde do colaborador em seu dia a dia pessoal, como uma boa noite de sono, intervalos e pausas para um almoço ou descanso ao longo do dia.
O RH deve criar planos de ações específicos para seus colaboradores, focando nas mudanças necessárias de cada um, garantindo a melhor qualidade para a realização de suas tarefas diárias, pessoais e profissionais. A especialista também elenca a necessidade de se estabelecer check-ins durante as discussões individuais para que seja possível acompanhar e evoluir o plano à medida que seja apresentada progressão na saúde do profissional.
- Educar para evitar esgotamento futuro
Lidar com os sintomas imediatos de esgotamento pode ajudar os funcionários no curto prazo, mas as organizações também devem considerar como lidar com o esgotamento em longo prazo. É imperativo educar todos sobre como reconhecer seus próprios sintomas.
É essencial educar o time para falar abertamente sobre o tema e sobre boas práticas de sucesso para que se sintam acolhido. Esta é uma condição real e pode quebrar qualquer estigma negativo sobre o tema. Exemplos como reuniões semanais e happy hours mais amplos também ajudam, mas parte da abordagem do esgotamento é interromper um fluxo negativo quando sentem sintomas surgindo, então os funcionários precisam se sentir mais capacitados para agendar pausas curtas e improvisadas ou bate-papos quando necessário.
“O RH pode educar os profissionais sobre quais gatilhos estão contribuindo para o esgotamento e quais ações podem ser tomadas para recuperar o controle. Isso deve ser um tópico de discussão nas reuniões da equipe. Informar o time em relação a plataformas ou grupos de saúde oferecidos pela empresa, como plano de saúde, também é muito importante”, conclui Santos.