Agravos na saúde do trabalhador foi tema de discussão em Brasília
O Conselho de Comunicação Social (CCS), órgão auxiliar do Congresso Nacional, debateu sobre os agravos e desafios à saúde do trabalhador no novo cenário de emprego, como as jornadas por aplicativos ou prestação de serviços como freelancer, além da ausência de regulamentações especificas para determinadas áreas, como a de comunicação.
Encabeçado pelo conselheiro José Antônio de Jesus da Silva, marcaram presença a jornalista Cristiane Reimberg, analista em ciência e tecnologia na Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro); Roseniura Santos, auditora fiscal do Trabalho; e Hélio Neves, médico sanitarista, que falou de temas sensíveis como a Sindrome de Burnout:
“Burnout é de difícil cuidado, de difícil tratamento, exige terapia, exige medicamento. Muitas vezes o trabalhador perde o convênio porque é demitido, não consegue mais ser atendido pelos seus profissionais habituais, e no SUS não conseguimos oferecer esse tipo de tratamento com a frequência e a intensidade que são necessárias”, alertou, em reportagem à Agência Senado.
Agravos mostram importância do trabalho na Comunicação
Reimberg, na reunião ocorrida em julho, apresentou os resultados de sua pesquisa para tese que concluiu em 2015 na Universidade de São Paulo (USP), sobre a saúde dos profissionais da imprensa. Pressão por resultados, jornadas exaustivas e problemas de saúde física e mental, como o assédio, foram citadas pela profissional.
“Dos 21 jornalistas ouvidos na pesquisa, a maioria não tinha registro de CLT.E, de uma forma geral, acabava trabalhando mais de 14 horas no dia. Não se respeitavam os plantões, seis dias de trabalho e um de descanso, e não havia também compensação de horas, com inexistência de hora extra”, disse, também àAgência Senado.
Já Santos reforçou o assunto, ressaltando a importância de Normas Regulamentadoras (NR) especificas da área. “Para não dizer que as NRs foram totalmente silentes, há duas citações que dizem respeito ao setor, mas de uma forma muito indireta: nós temos uma citação na NR-12 e na NR-33 para falar das interferências eletromagnéticas, ou seja, de caráter relativo ao setor de comunicação, mas uma gotinha perdida num oceano”, frisou a auditora.
Segundo a NR-12, que trata de equipamentos e máquinas, porém refere-se ao trabalho mais operacional em telecomunicações, como no manuseio de equipamentos.
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado