Especialistas apontam a importância em falar do câncer relacionado ao trabalho

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O chamado câncer ocupacional, ou seja, relacionado à exposição de agentes causadores do problema, é um assunto que precisa ser discutido, notificado e, principalmente, prevenido.

“A característica multifatorial da doença dificulta o estudo de fatores causais específicos, pois múltiplos agentes estão envolvidos no processo da carcinogênese. Para implementar programas de vigilância em saúde do trabalhador, é necessário que se conheça as frações atribuíveis às exposições ocupacionais”, explica Gisele Fernandes, pesquisadora no Grupo de Epidemiologia e Estatística em Câncer do Hospital A C Camargo, SP, durante evento online promovido pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro).

Em agosto, o Ministério da Saúde divulgou a inserção de uma série de doenças e agravos relacionados ao trabalho na lista nacional de notificação compulsória, inclusive o câncer ocupacional. “Como justificativa, o ministério destacou que essas doenças e agravos são evitáveis e passíveis de prevenção. A pasta destacou ainda a possibilidade de identificar causas e intervir em ambientes e processos de trabalho”, destaca matéria da Agência Brasil.

Segundo estudos divulgados pela Fundacentro, as projeções baseadas em 2020 indicam que até 2040 haverá um aumento de 65% de novos casos na América Latina, de 60% no Brasil e de 70% das mortes por câncer.

 

Evento na Paraíba

 

A Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio do Centro de Referência Estadual em Saúde do Trabalhador da Paraíba (Cerest-PB), em parceria com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), realizou em setembro Capacitação de Vigilância do Câncer relacionado ao Trabalho no estado, com o objetivo capacitar de profissionais de saúde, de vigilâncias epidemiológicas e técnicos de diversos setores para identificar, prevenir e minimizar tais casos.

“A insalubridade no ambiente laboral é uma das principais causas e a precarização dos processos de trabalho aumenta a chance de desenvolvimento de câncer. Mesmo com a troca de função, emprego ou aposentadoria, o trabalhador pode desenvolver câncer e apresentar sinais e sintomas da doença muito tempo depois”, frisa Ubirani Otero,tecnologista sênior da coordenação de prevenção e vigilância do câncer do Inca.

Na Paraíba, foram registrados entre os anos de 2007 a 2022, sete casos de adoecimentos de câncer relacionados ao trabalho, segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

Foto: divulgação

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