Do trânsito ao ‘brain rot’: os novos desafios para a saúde do trabalhador

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Sempre noticiamos em Cipa que as empresas precisam estar atentas se o local de trabalho é seguro e saudável para evitar lesões e acidentes. Mas quando o problema está na própria região onde empresa e trabalhador se situam, com trânsito, calçadas sem manutenção, risco de assaltos e demais demandas que extrapolam o âmbito trabalhista? Atualmente, o virtual também está em pauta, especialmente após a divulgação da palavra do ano de 2024, “brain rot” (deterioração cerebral. Veja mais!

Para se ter ideia, de acordo com a pesquisa da Rede Nossa São Paulo, o tempo médio de deslocamento dos moradores da capital paulista diariamente é de 2h25. Já quem utiliza o transporte público, o número pula para 2h47, aumento de 10 minutos em relação ao levantamento do ano passado. Os motoristas de veículo particular, na outra ponta, gastam em média, 2h28, 18 minutos a menos do que em 2023, aponta o estudo.

Para Andrea Maria Silveira, professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), metrópoles como a capital mineira também passam pelo mesmo problema.

“Belo Horizonte é uma cidade que tem a sua economia muito centrada no setor de serviços. E o perfil de adoecimento relacionado ao trabalho na cidade reflete essa vocação econômica. Um exemplo são os acidentes envolvendo o transporte de passageiros e mercadorias por meio de motocicletas, ou daqueles que utilizam as motos para o translado entre trabalho e residência”, frisa a professora.

 

Saúde mental e “brain rot”

 

Estresse, Burnout e demais distúrbios mentais não são uma exclusividade de quem está dentro do ambiente de trabalho. Como vimos no início desta matéria, o deslocamento gera ansiedade e até mesmo medo de chegar atrasado e ser demitido.Outros fatores que vão desde a violência até problemas pessoais também são vetores para acidentes de trabalho, falta de produtividade e demais questões de saúde mental.

Andrea Maria Silveira, da UFMG, aponta ainda que a vida nas grandes cidades impõe, além do desgaste por conta do deslocamento, um alto custo diário de tempo. “É um prejuízo de atividades como a convivência com a família e a comunidade, exercícios físicos, lazer, eum prejuízo das horas de sono. A saúde mental tem se caracterizado no Brasil também por maiores índices de criminalidade e violência. Então, isso de alguma forma pode impactar a saúde mental dos trabalhadores”, ressalta.

 

Ambiente virtual

 

Não é só o ambiente físico que pode causar danos aos trabalhadores. O virtual também está em pauta, especialmente após a divulgação da palavra do ano de 2024, “brain rot” (deterioração cerebral, em tradução livre), pela Oxford University Press, que edita o dicionário de inglês Oxford, após uma votação de mais de 37 mil pessoas.

Mesmo não sendo nova, já que data de 1854, em um livro do escritor Walden de Henry David Thoreau, a brain rot ganhou as redes virtuais ao associar a sensação de exaustão mental causada pelo consumo excessivo de mídias sociais e conteúdo superficial.

O assunto ganhou tanta notoriedade que a rede social LinkedIn elencou dicas de usuários, incluindo seus Top Voices (perfis que tiveram destaque ao expor suas ideias e opiniões com autoridade dentro da rede social) sobre o tema.

No post de Ligia Bueno, consultora empresarial e Headhunter, o afã de “estar sempre informado” faz com que as pessoas sejam condicionadas ao imediatismo, dificultando o aprofundamento em ideias complexas e a reflexão crítica. “Isso pode levar à apatia, à falta de produtividade e à dificuldade de manter conversas significativas. É importante selecionar conteúdos de qualidade, priorizando materiais que estimulem o pensamento, como livros, artigos longos e podcasts informativos”, recomenda.

 

Possibilidades

 

Segundo os especialistas, as empresas podem auxiliar nessa questão, o que vai desde a flexibilidade de horários e modelos de jornada até programas de saúde física e mental aos trabalhadores. Também é pertinente que as pessoas identifiquem possíveis gatilhos e busquem ajuda, conforme salienta Tatiane Paula, psicóloga clínica, ao site Tudo Rondônia.

“É fundamental estabelecer limites claros em relação às demandas urbanas. Criar uma rotina diária que inclua tempo para atividades relaxantes e de autocuidado, além de definir limites pessoais em relação ao trabalho e às interações sociais, pode reduzir o estresse”, finaliza.

Foto: Keli Vasconcelos

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