Neste Abril Verde, mês para lembrarmos da importância em evitar acidentes dentro do local de trabalho, a saúde mental também não pode ser deixada em um segundo plano.
“O equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é um conceito que se refere à capacidade de conciliar as demandas profissionais com as atividades pessoais e de lazer. É um aspecto fundamental da saúde mental, por contribuir para o bem-estar físico, emocional e social e é preciso equilíbrio”, destaca Juliana Lemos Rabelo, enfermeira Saúde Mental do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG).
Ela aponta a necessidade de estabelecer limites claros entre o trabalho e a vida pessoal, indo desde desligar o aparelho celular fora do expediente até reservar momentos de lazer e dizer “não” para tarefas que não são essenciais. “Praticar exercícios físicos regularmente, ter uma alimentação saudável, dormir o suficiente e buscar ajuda profissional se necessário, bem como desenvolver habilidades de inteligência emocional, incluindo aprender a lidar com o estresse, a frustração e as emoções negativas de forma saudável também são fundamentais”, arremata a especialista.
Cultura da saúde mental
Uma das inciativas a favor da cultura da saúde mental no trabalho está em programas de bem-estar. O Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr. da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg), RS, desde setembro último conta com um serviço de acolhimento psicossocial aos trabalhadores do estabelecimento.Os colaboradores ao agendarem o procedimento, recebem auxílio de uma equipe multidisciplinar a quem enfrenta dificuldades no ambiente de trabalho ou mesmo deseja ajuda em relação às questões pessoais que, consequentemente, impactam o desempenho.
“O atendimento foi acolhedor, com respeito e cuidado, sem julgamentos e muito amoroso. Esse Serviço proporciona o apoio necessário para passar por dificuldades no âmbito profissional, mas também pessoal. Se o trabalhador tiver suporte e souber a quem recorrer, vai trabalhar muito melhor”, celebra Fabiana Coelho Nascimento, funcionária terceirizada atendida pelo programa.
Já na inciativa privada, a ZAMP®, franqueada das marcas Burger King® e Popeyes® no Brasil, anunciou em março parceria com a Vittude, plataforma de saúde mental corporativa, para implementar um programa de bem-estar aos colaboradores, que envolve trabalho seguro e qualidade de vida.A dinâmica envolve um diagnóstico institucional detalhado, além de workshops de capacitação aos líderes e formação de embaixadores do tema entre os colaboradores, com foco no suporte aos times.
“Asaúde mental é um valor inegociável.Ao priorizá-la no local de trabalho, estamos construindo espaços emocionais seguros e impulsionando a próxima revolução das relações. É uma ferramenta poderosa para transformar relacionamentos e impulsionar o sucesso dos negócios. Juntos, estamos construindo um futuro mais saudável e próspero”, afirma Mafoane Odara, diretora de Pessoas, Cultura e Transformação da franqueada, ao site Saúde Business.
Certificação
Outra iniciativa veio do Senado que aprovou, em fevereiro, o projeto de lei que cria o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental (PL 4.358/2023),de autoria da deputada Maria Arraes (Solidariedade-PE) e relatado pela senadora Jussara Lima (PSD-PI) e seguiu para a sanção da Presidência da República.
Segundo o projeto, esse certificado será concedido por comissão nomeada pelo governo federal, que fica responsável pela análise das conformidades de boas práticas desenvolvidas pela empresa, o que inclui a promoção da saúde mental no ambiente de trabalho e o combate à discriminação e ao assédio em todas as suas formas. “O certificado terá validade de dois anos, sendo necessária nova avaliação. O descumprimento das disposições poderá resultar na revogação da certificação”, informa a Agência Senado.
Muito embora tenhamos bons exemplos dessa cultura, ainda é um longo caminho a ser percorrido. De acordo com pesquisa realizada pelo Infojobs, desenvolvedor de soluções para Recursos Humanos (RH), 99% dos profissionais de RH ou gestão de pessoas acreditam que as companhias devem adotar estratégias voltadas à saúde mental dos colaboradores, porém apenas 34% delas desenvolvem ações efetivas nesse foco.
Para Ana Paula Prado, CEO do InfoJobs, é papel dos gestores de RH e lideranças promoverem essa cultura do bem-estar se querem colaboradores mais produtivos, saudáveis e dispostos a enfrentarem a rotina laboral com resiliência e com a saúde mental em sintonia. Fomos acostumados com um mercado de trabalho competitivo e com grande pressão para resultados, mas, ano após ano, percebemos que é possível equilibrar vidas pessoal e profissional. Além de garantir satisfação, ainda impacta diretamente na produtividade e qualidade”, responde, ao Correio Braziliense.
Fonte: Agência Senado
