Acidente fatal em silo no Paraná alerta sobre demanda global por segurança em espaços confinados
Um trabalhador de 19 anos veio a óbito após ser soterrado em um silo de armazenamento de grãos enquanto desempenhava suas atividades laborais. A Polícia Civil está conduzindo a investigação do caso, ocorrido na cidade de Palotina, PR. O plano de gerenciamentos de riscos é uma das ferramentas para evitar essas ocorrências em silos.
De acordo com matéria publicada pelo site CGN, um colega de trabalho tentou, sem sucesso, resgatar a vítima, Victor Gabriel da Silva Cruz, utilizando um cabo. “O jovem acabou sendo puxado para o fundo do silo e o corpo foi localizado após intensas horas de busca pelo Corpo de Bombeiros”, informa.
Essa tragédia levanta a importância de medidas preventivas para salvaguardar a vida dos trabalhadores, o que inclui a inserção de um Plano de Gerenciamento de Riscos. “É preciso fazer uma avaliação dos acidentes para evitar repetição do mesmo problema e se houver erro por parte dos funcionários, as empresas também podem procurar investir em treinamentos mais específicos para capacitação”, comenta Daniele Esmanhotto Duarte, advogada especialista em Direito do Trabalho no Andersen Ballão Advocacia, à CBN Curitiba.
Vale lembrar que também ocorrera outro acidente na região em 2024, com a explosão dentro de um silo por conta do movimento de poeira de grãos dentro do compartimento, com dez óbitos e outros dez feridos.
Espaços confinados nos silos
Os problemas mais comuns que acontecem em silos envolvem riscos de explosões, incêndios, soterramentos, asfixias e aos decorrentes da exposição a agentes químicos, físicos e biológicos, haja vista que se trata de um espaço confinado. Sobre as Normas Regulamentadoras, a NR-33, que ponta sobre o tema, determina que medidas devem ser tomadas para eliminar ou controlar os riscos que possam afetar a segurança e saúde do trabalhador.
“Por serem espaços confinados, toda entrada de trabalhadores no silo deve ser monitorada e os riscos relativos à saúde e segurança controlados. A comprovação dos monitoramentos e controles relativos à operação dos silos deve ser mantida à disposição da fiscalização do trabalho”, comenta Ana Carolina Padilha Zonato, da Seção de Saúde do Trabalhador, do Departamento de Vigilância em Saúde, em Pinhais, PR.
“Além disso, há recomendação de que os serviços no interior de silos devem ser realizados com no mínimo dois trabalhadores, devendo um deles permanecer no exterior, como vigia, e também ocorrer com a utilização de cinto de segurança e cabo vida”, arremata a especialista.
Capacitação
A qualificação é também primordial em relação a esses cuidados. Na Bahia, o Projeto Setorial de Armazenamento de Grãos realizou, no Centro de Treinamento e Tecnologia (CTT) da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), em Luís Eduardo Magalhães, um treinamento sobre legislação trabalhista e seus impactos nas operações de armazenamento de grãos e segurança em silos.
“O objetivo do treinamento foi reforçar a segurança no setor, diante do aumento da incidência de acidentes, como soterramento e asfixia mecânica. A legislação de segurança em silos é um aspecto fundamental e precisa ser amplamente discutida”, aponta uma das instrutoras, Fernanda Fernandes, gestora da área de saúde e segurança do Serviço Social da Industria (Sesi Bahia), ao BA de Valor.
Já no Rio Grande do Sul, os Bombeiros Voluntários da cidade de Tupanciretã ocuparam a plenária da Câmara Municipal de Vereadores para falarem sobre a prevenção de acidentes e incêndio em silos. “O conhecimento e os detalhes do local de trabalho e como será o movimento a armazenagem de grãos deve sempre ser observado na cinemática, ou seja, o que acontece no entorno de uma atividade relacionada a carga e descarga e movimento interno dos grãos”, explica tenente João Montardo, durante a palestra.
“Nos armazéns de grãos (soja, trigo, milho) o movimento humano também precisa ser observado e vale destacar que as máquinas geram poeira e quase sempre são explosivas, bastando apenas uma ‘chispa quente’ (fagulha) para o iníciode uma explosão seguida de incêndio”, acrescenta o profissional.
Nos EUA
Essa demanda não é exclusividade do país e também preocupa outros pontos do mundo. Nos EUA, de acordo com o Departamento de Engenharia Agrícola e Biológica da Universidade Purdue, o número de acidentes agrícolas em espaços confinados, o que inclui silos, caiu 34% em 2023.
“Foram 55 ocorrências, incluindo 27 aprisionamentos de grãos, quatro quedas em ou de estruturas de armazenamento, cinco asfixias por falta de oxigênio em ambientes tóxicos, seis emaranhamentos de equipamentos durante o trabalho em espaços confinados e nove incêndios ou explosões em instalações de manuseio de grãos. Desses casos, 29 resultaram em fatalidades e 26 foram não fatais”, informa matéria sobre o assunto publicada pelo Agrolink.
O levantamento é feito desde 1970 e investiga e documenta incidentes em instalações de armazenamento e manuseio de grãos, tanto em fazendas quanto em locais comerciais.
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