Da torre de voo a pilotagem, profissionais da aviação se atentam à saúde ocupacional
Já tratamos aqui em CIPA do trabalho exaustivo dos profissionais da aviação, especialmente quando assunto envolve as condições laborais. Agora, o assunto ganha mais um capítulo: o Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Proteção ao Voo (SNTPV) recebeu reclamações de controladores de voo que operam no tráfego aéreo da torre de controle de Guarulhos, SP.
As principais queixas são insuficiência no número de controladores, escalas de trabalho abaixo do mínimo necessário e sobrecarga de trabalho. “O modelo da operação exige nove operadores no turno diurno para cobrir seis posições, mas frequentemente apenas oito estão disponíveis, o que força os controladores a realizarem horas extras. Há também a redução das folgas e períodos de descanso: em média, deveriam trabalhar 120 horas mensais, mas muitos acabam ultrapassando, cobrindo dias extras para manter a operação”, informa reportagem do AeroIn.
Em nota ao veículo, a NAV Brasil, empresa pública fornecedora de serviços de navegação aérea no país, operada pela Força Aérea Brasileira (FAB), reforça que segue os protocolos e regramentos específicos, como a Instrução do Comando da Aeronáutica (ICA): “Atualmente, a escala adotada (quatro dias trabalhados por dois de folga, com turnos de seis horas) tem sido aplicada dentro de parâmetros que asseguram a eficiência operacional e bem-estar dos empregados, proporcionando períodos adequados de descanso”, informa.
Saúde em voo: metabolismo dos pilotos de caças
Além de fatores externos, as condições internas de pilotos também merecem atenção. É o que aponta um estudo obtido a partir do monitoramento de pilotos da FAB, por pesquisadores da Universidade da Força Aérea (Unifa) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), cujo artigo foi publicado na revista científica Metabolomics.
Os resultados apontaram que pilotos de caça em início de carreira sofrem mais alterações metabólicas do que pilotos experientes, e esses impactos na saúde são amenizados conforme o aumento do número de horas de voo cumpridas.“A FAB tem se empenhado em criar protocolos para reduzir os riscos à saúde dos pilotos e melhorar a eficiência dos voos. Monitorar a saúde é o primeiro passo para avaliar como melhorar o desempenho físico e cognitivo desses profissionais”, explica o pesquisador Alexander Bomfim, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Desempenho Humano Operacional da Unifa.
“É preciso prepará-los nos aspectos biopsicossociais, para suportar as exigências da máquina”, salienta o estudioso, em entrevista à Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), que apoiou o levantamento.
Foto: Freepik