Os desligamentos de trabalhadores formais por morte no Brasil cresceram 72% no primeiro trimestre de 2021. Levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostra que, em comparação com os três primeiros meses de 2020, esse número passou de 13,2 mil para 22,6 mil.
Os dados não identificam a causa da morte desses profissionais, mas o aumento relevante indica a dimensão do impacto da pandemia do novo coronavírus no mercado de trabalho.
Na linha de frente do combate à Covid-19, as atividades ligadas à atenção de saúde tiveram crescimento de 75,9%, saindo de 498 para 876 desligamentos. A alta chega a 116% no caso de enfermeiros e 204% entre médicos.
Em número de contratos encerrados por morte, o transporte rodoviário de cargas foi o que registrou mais desligamentos. Foram 3.534, sobretudo de motoristas de caminhão, sendo que o mês de março corresponde a 14% deste total.
“A maior quantidade de desligamentos por morte aconteceu em setores considerados como atividade essencial. Esse conjunto de atividades inclusive foi crescendo com os decretos do próprio governo. É um demonstrativo do quanto a pandemia se abateu sobre os trabalhadores”, disse o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior, em entrevista ao Jornal Brasil Atual.
A pesquisa, feita a partir de dados de trabalho formal do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), mostra ainda os efeitos da crise da falta de oxigênio em Manaus, no início do ano. O Estado do Amazonas teve o maior crescimento percentual de desligamentos por morte, 437,7% – foram 114, no primeiro trimestre de 2020, e 613, no mesmo período de 2021.
Em seguida, vêm outros três estados do Norte: Roraima, Rondônia e Acre. No Estado de São Paulo, o mais populoso do país, os desligamentos por morte cresceram 76,4%, passando de 4,5 mil para 7,9 mil.