Silêncioso, invisível e letal. Os riscos à saúde causados pelo benzeno, substância cancerígena presente nos combustíveis, há muito são conhecidos pela comunidade científica. Na década de 1990, quando foi instituida a Comissão Nacional do Benzeno, normas regulatórias foram impostas às indústrias químicas e siderúgicas, mas os postos de combustível ficaram de fora. Agora, um anexo foi incluído à legislação para dar conta também da exposição nos postos. Ainda que alvo de críticas pelas concessões que foram feitas nas discussões tripartites entre governo, trabalhadores e donos de postos, é a primeira vez que esse serviço é regulado no que diz respeito ao benzeno. No último dia 23 de novembro, o Centro de Estudos Miguel Murat de Vasconcellos da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ceesnsp) debateu os aspectos legais, técnicos e científicos do tema. Na ocasião, foram apresentados dados de um extenso dossiê elaborado a partir de estudos feitos em oito estados brasileiros. Pesquisadores, representantes dos trabalhadores e ténicos que trabalham com Saúde do Trabalhador estiveram presentes na discussão.
O primeiro a falar no Ceensp foi Eduardo Algranti, editor-chefe da Revista Brasileira de Saúde Ocupacional (RBSO). A publicação editou, recentemente, um dossiê com 12 textos, entre ensaios, artigos e relatos de experiência, sobre o benzenismo. Maria Juliana Corrêa, da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre falou em seguida, destacando o longo processo que resultou no dossiê, envolvendo trabalhadores e técnicos. A doutoranda do Cesteh/ENSP Isabele Costa Amaral apresentou dados de sua pesquisa, que avaliou a exposição nos postos na zona norte e oeste do Rio de Janeiro.
Depois da apresentação de Isabele, Adriana Skamvetsakis, do Cerest da Região dos Vales, falou sobre a experiência de exposição ao benzeno nos postos do Rio Grande do Sul. Flavia Ferreira de Souza, da Cordenação Geral de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde relatou a experiência de exposição em Itaberaba, na Bahia. Isabel Muniz Perini, da coordenação de Vigilância em Saúde do Trabalhador de Vitória falou sobre a situação dos postos no Espírito Santo. Ubirani Otero, do Inca, falou de resultados obtivos em postos do Rio de Janeiro.
Encerrando o Ceensp, Alexandre Jacobina, ex-coordenador de Vigilância da Saúde do Trabalhador da Bahia e representante do Ministério da Saúde na Comissão Permanente do Benzeno, falou sobre os avanços e retrocessos do anexo que incluiu a atividade dos postos de combustível nas normas que regulamentam a exposição ao benzeno no Brasil. Além do Ceensp, os debates sobre benzenismo e o risco da exposição nos postos se estendeu para a parte da tarde e ao longo do dia seguinte, no Cesteh.
Fonte: Informe ENSP-Escola Nacional de Saúde Pública