No período de 9 a 13 de abril ocorreu na cidade de Atlanta (EUA) a reunião anual do Comitê Mundial da entidade certificadora ISO – International Standartization Organization. Durante o encontro, cientistas de países agrícolas conhecerão o resultado de uma pesquisa do Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico de SP, da cidade de Jundiaí. O estudo propõe alterar avaliações de segurança da ISO adotadas nas certificações de qualidade para vestimentas de proteção a agroquímicos.
Se aprovada pela entidade internacional, a tese do pesquisador científico brasileiro Hamilton Ramos, desenvolvida em parceria com a pesquisadora Anugrah Shaw, da universidade norte-americana de Maryland, ganhará amplitude mundial ao ser incorporada à norma ISO 27065, específica para testes de qualidade envolvendo vestimentas protetivas.
Os pesquisadores desenvolveram um produto não tóxico, de cor amarela, com propriedades similares às do composto herbicida de nome Prowl. Este, atualmente, constitui a base dos testes de qualidade prescritos pela ISO para vestimentas protetivas. O Prowl, entretanto, apresenta mediana toxicidade e por isso encontra restrições regulatórias para circular em escala mundial.
“Pelo fato de ser um herbicida, o Prowl inibe em vários países a aceitação integral de normas da ISO. Isso favorece a exposição de trabalhadores a agrotóxicos, porque abre caminho ao livre comércio de vestimentas desprovidas de requisitos de segurança”, assinala Ramos.
De acordo com o pesquisador, quando aplicado sobre a superfície de uma vestimenta, o líquido-teste permite detectar se o equipamento de proteção é dotado de recursos que impedem a penetração de agentes químicos. “Se o líquido-teste passar pelo tecido, significa que um trabalhador rural estaria sujeito a uma contaminação por agente químico”, exemplifica Ramos.
Segundo o cientista, nos dias de hoje os mais importantes países agrícolas dispõem de estrutura de pesquisa e de mecanismos regulatórios atrelados à indústria de vestimentas protetivas.
“O Brasil tornou-se uma referência mundial em iniciativas para reduzir a exposição do trabalho rural aos agroquímicos”, diz Ramos. Ainda assim, afirma ele, há no País um grande número de produtores e agroindústrias desatentos quanto ao uso de equipamentos com qualidade certificada. “Parte dos equipamentos em uso nas lavouras brasileiras não evita a exposição do trabalhador rural a agrotóxicos”, completa.