Projeto oferece teleatendimento voltado à saúde do trabalhador
Mesmo com uma rotina de exercícios físicos que incluía caminhadas e aulas de Yoga antes da pandemia, a técnica em assuntos educacionais do Campus Sertão da UFS Thamisa Rodrigues conta que sentiu no corpo os primeiros sinais do trabalho remoto integral em meio ao isolamento social provocado pela Covid 19. Dores na coluna, pescoço, mãos, punhos e dificuldades em estabelecer prioridades nas demandas até então rotineiras foram alguns dos sintomas que ela relatou ter percebido ainda no primeiro mês da pandemia.
“Em março de 2020, eu não sabia o que estava por vir e a única certeza era a de que estar em casa seria o mais seguro. Ao mesmo tempo, vi que minha casa não estava preparada para receber as demandas de quem, até então, passava a maior parte do dia no trabalho. Os móveis não estavam adaptados às necessidades das funções e o jeito foi adaptar algumas coisas, mas meu corpo sentiu a mudança brusca de rotina e as dores nas articulações já eram inevitáveis”, relata Thamisa.
Junto a Thamisa, muitos dos técnicos administrativos e docentes da Universidade Federal de Sergipe enfrentaram situações semelhantes, provocando uma reflexão sobre a saúde física e mental dos servidores e readequando projetos presenciais já existentes à nova realidade.
Foi o caso do Projeto de Extensão Viver Zen no Trabalho, idealizado pela professora do Departamento de Fisioterapia do campus São Cristóvão Maria Goretti Fernandes. Em 2016, através de uma pesquisa sobre os números de servidores da UFS afastados por questões de saúde mental, ela identificou a necessidade de trabalhar a melhoria na qualidade de vida dessas pessoas e, dessa forma, contribuir para que elas pudessem ter sua saúde acolhida e restabelecida. Além disso, mensurou que a promoção da ergonomia e da saúde ocupacional aos demais servidores da instituição seria fundamental para evitar novos afastamentos.
Junto a Thamisa, muitos dos técnicos administrativos e docentes da Universidade Federal de Sergipe enfrentaram situações semelhantes, provocando uma reflexão sobre a saúde física e mental dos servidores e readequando projetos presenciais já existentes à nova realidade.
Qualidade de vida
Foi o caso do Projeto de Extensão Viver Zen no Trabalho, idealizado pela professora do Departamento de Fisioterapia do campus São Cristóvão Maria Goretti Fernandes. Em 2016, através de uma pesquisa sobre o números de servidores da UFS afastados por questões de saúde mental, ela identificou a necessidade de trabalhar a melhoria na qualidade de vida dessas pessoas e, dessa forma, contribuir para que elas pudessem ter sua saúde acolhida e restabelecida. Além disso, mensurou que a promoção da ergonomia e da saúde ocupacional aos demais servidores da instituição seria fundamental para evitar novos afastamentos.
Nascia, assim, o projeto que, segundo a professora, seria uma ponte para que estudantes do departamento de Fisioterapia desenvolvessem suas atividades da graduação vinculadas à extensão, exercendo ainda mais suas competências e habilidades na área da saúde do trabalhador.
Com a suspensão das atividades presenciais acadêmicas e administrativas ainda em março de 2020, o projeto ganhou o formato remoto e passou a contemplar pessoas das mais diversas áreas, idades e interesses.
“No início da pandemia, as mesas da sala e da cozinha de vários servidores passaram a servir de home office, sem qualquer projeto de ergonomia, o que gerou inúmeras queixas de dores e mais dores físicas. Assim, pedimos o apoio da Progep e do Departamento de Fisioterapia para que houvesse uma reestruturação do modelo do estágio em Saúde do Trabalhador bem como a inserção de um teleatendimento personalizado em que pudéssemos orientar individualmente cada servidor em seu ambiente doméstico, através de fotos e vídeos que eles mesmos nós enviariam”, explica a professora.
O projeto ganhou tanta repercussão que, além dos servidores docentes e técnico-administrativos, estudantes de graduação, pós-graduação e diversos membros da comunidade externa passaram a solicitar o teleatendimento, fazendo com que houvesse a necessidade de outros profissionais colaboradores.
“Dentre abril de 2020 a abril de 2022 foram 3.550 teleatendimentos, envolvendo a comunidade dos cinco campi da UFS, de outros órgãos públicos, instituições privadas e da comunidade externa. As pessoas queriam se cuidar, queriam melhorar o ambiente de trabalho, queriam se sentir acolhidas e, desde então, tem sido uma grande satisfação de toda a equipe poder contribuir com algo tão positivo diante de momentos tão difíceis como os enfrentados nos últimos dois anos”, conta Goretti Fernandes.
Ela explica ainda que, além do trabalho da Fisioterapia, há ainda as atividades desenvolvidas por profissionais da Educação Física, Fonoaudiologia e Psicologia, que contribuem para que as informações e os exercícios laborais sejam sempre revisados para o melhor aproveitamento de todos.
“Em cada sessão, abordamos basicamente três linhas temáticas: orientações sobre educação e saúde, exercícios de ginástica laboral e análise ergonômica do posto de trabalho ou home office do servidor”, diz a coordenadora do Viver Zen.
A alta demanda dos assistidos pelo projeto fez com que a fonoaudióloga do Hospital Universitário (HU) Liane Santana integrasse a equipe e contribuísse para uma outra questão enfrentada na pandemia, a saúde vocal e auditiva.
Com todas as reuniões no formato remoto, as inúmeras lives e ofertas de cursos no formato EAD, várias pessoas se conectaram às telas por horas, sem qualquer noção da necessidade dos exercícios vocais e da utilização correta dos fones de ouvido.
“A saúde do trabalhador é um processo integrado, interdisciplinar. Ao mesmo tempo em que houve uma necessidade de reestruturar os espaços de trabalho para evitar dores no corpo, houve também a necessidade de reestruturação da voz e da audição para as novas demandas home office. Dessa forma, a conscientização do conjunto se tornou cada vez mais necessária e foi sendo acolhida pelas comunidade interna e externa”, salienta Liane.
A importância do acompanhamento
Para Thamisa Rodrigues, esse acompanhamento direcionado e multidisciplinar foi muito significativo e proporcionou maior confiança não só para os ajustes em relação à ergonomia do ambiente de trabalho, mas na execução dos exercícios da ginástica laboral como um todo, da qual participava semanalmente.
“É muito bom fazer parte de um projeto em que é visível a preocupação com a saúde e o bem-estar do outro. Os exercícios sempre foram avaliados pela coordenadora e pelos alunos da fisioterapia e sempre com foco na prevenção à saúde do trabalhador, o que me deixou mais tranquila sobretudo ao passar pela gestação. Além disso, o projeto também é uma oportunidade de convívio social entre os colegas dos campi e de outras instituições. Isso tudo é muito importante e gratificante no período em que estamos vivendo”, comenta a técnica em assuntos educacionais do campus Sertão.
Participante do projeto há cerca de cinco anos, a coordenadora da Divisão de Programas e Bolsas (DPB – Pibic) Adriana de Castro Pereira também considera importante o acompanhamento profissional.
“O projeto já trazia um acompanhamento frequente no modelo presencial, quando os profissionais iam aos setores para que pudéssemos fazer a ginástica laboral, mas isso foi ainda mais importante e evidente durante a pandemia. Até hoje, todos os atendimentos são monitorados com cuidado e atenção, fazendo com que a gente saiba cada passo das atividades. Outra coisa que considero fundamental no Viver Zen remoto é a oportunidade de conhecer pessoas de outros setores e campi. Fiz alguns amigos dessa forma, o que foi maravilhoso”, conta Adriana.
O Projeto Viver Zen UFS continua atendendo a comunidade acadêmica e o público externo de forma remota, oferecendo informações sobre ergonomia e promoção de prevenção e saúde do trabalhador.
Para participar, basta entrar em contato através do Instagram do projeto e conferir os horários disponíveis.
Fonte: Ascom UFS