Síndrome do Edifício Doente: manutenção inadequada de sistemas de ar-condicionado afeta saúde dos trabalhadores

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Você já ouviu falar em “Síndrome do Edifício Doente”? Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a SED é um conjunto de enfermidades relacionadas às edificações insalubres. O tema recebe atenção especial da Secretaria de Saúde do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, uma vez que a categoria atua em ambientes fechados.

Falhas nos sistemas de climatização e ventilação artificiais são as principais causas da SED, podendo acarretar em dor de cabeça, fadiga, letargia, ardor nos olhos, irritação de nariz e garganta, anormalidades na pele, falta de concentração, entre outras complicações.

Quando mais de 20% dos funcionários de um edifício relatam sentir os mesmos sintomas, é possível tipificar um caso de SED. Os problemas de saúde podem ser provocados por bactérias, vírus ou fungos presentes em sistemas de ar-condicionado carentes de manutenção adequada. Produtos químicos dispersos no ar ou poeira acumulada em carpetes e cortinas também podem ser agentes adoecedores.

 

Causas da Síndrome do Edifício Doente

 

De acordo com o estudo “Síndrome dos edifícios doentes em bancários” – publicado na Revista de Saúde Pública, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) – os altos gastos com energia elétrica decorrentes de sistemas de climatização podem fazer com que gestores busquem diminuir custos na manutenção. Isso leva a um aumento na proporção de ar reciclado e diminuição da troca de filtros e limpeza de dutos de ventilação.

Ainda segundo o estudo, a qualidade do ambiente de trabalho tem relação direta com o grau de absenteísmo: “Se os ocupantes de um edifício de escritórios estão satisfeitos com seu meio interno, diminuem as queixas relacionadas à saúde, o número de ausências injustificadas e o trabalho se torna mais eficaz. Isto foi demonstrado em um estudo levado a cabo com trabalhadores de escritório antes e depois da empresa se mudar para um novo edifício com más condições ambientais. Houve um grande aumento do absenteísmo devido a queixas relacionadas à saúde e conforto após a mudança.”

 

Atuação do sindicato

 

O SP Bancários atua constantemente recebendo reclamações dos trabalhadores em seu canal de denúncias e cobrando soluções dos bancos. Frequentemente, após intervenção do sindicato, agências são fechadas por interrupções no funcionamento dos sistemas de climatização.

Mais do que garantir a operação dos aparelhos de ar-condicionado, o sindicato exige a devida manutenção e fiscalização dos sistemas, conforme explica Valeska Picovai, secretária de saúde do SP Bancários.

“Todos os bancos devem seguir a legislação vigente no tocante à manutenção dos sistemas de climatização. Isso é fundamental no combate aos riscos à saúde dos bancários e das bancárias. A documentação referente a esse cumprimento deve ficar à disposição do sindicato e dos trabalhadores. Também é importante haver reparos com maior velocidade nos sistemas. Frequentemente, acontecem roubos de cabos nas agências e a reposição leva muito tempo, prejudicando bancários e clientes”, afirma Valeska Picovai.

 

Legislação

 

A Lei nº 13.589, de 4 de janeiro de 2018, busca combater os riscos de contaminação do ar em ambientes fechados por meio do  PMOC (Plano de Manutenção, Operação e Controle em sistemas de ar-condicionado). A legislação estabelece que os edifícios devem obedecer a parâmetros de qualidade do ar, em especial no que diz respeito a poluentes de natureza física, química e biológica.

Os critérios a serem seguidos são regulamentados pela Resolução nº 9, da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Os órgãos estabelecem parâmetros de temperatura, umidade, velocidade, taxa de renovação e grau de pureza.

Confira algumas das principais definições da RE 09 da ANVISA

  • A temperatura interna no verão deve estar ajustada entre 23°C a 26°C, já no inverno deve estar entre 20°C a 22°C;
  • Umidade: no verão os níveis devem estar em torno de 40% a 65%. Durante o inverno o adequado são níveis que variam de 35% a 65%;
  • Aerodispersóide: trata-se de partículas líquidas ou sólidas presentes no ar, conhecidas popularmente como “poeira”. A Resolução 09 determina que os níveis de aerodispersóides não devem exceder 80 µg/m³, pois eles são responsáveis por agravar doenças como bronquite, sinusite, asma entre outras;
  • Fungos: O Valor Máximo Recomendável (VMR) para contaminação microbiológica deve ser de 750 ufc/m³ de fungos, para a relação I/E = 1,5, onde I é a quantidade de fungos no ambiente interior e E é a quantidade de fungos no ambiente exterior;
  • Dióxido de carbono: em ambientes fechados, o nível de dióxido de carbono não deve exceder 1000 ppm, sendo este o indicador para os sistemas de renovação de ar externo.

Foto: Reprodução/Sami Saúde

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