Especialistas alertam que adoecer no trabalho também é considerado acidente
Quando pensamos em acidentes no ambiente de trabalho, logo lembramos de fraturas, contusões e lesões físicas, mas também o adoecer por conta de uma jornada exaustiva, por exemplo, também deve considerado e muitas vezes é subnotificado. Aliás, foi o eixo central do Abril Verde, do Ministério Público do Trabalho, deste ano: “Adoecimento também é acidente do trabalho — Conhecer para prevenir”.
“O slogan não é mero reflexo de uma opção do legislador brasileiro, mas o reconhecimento de que a afetação da saúde do trabalhador pelas condições e pela organização do trabalho emite um sinal claro de que as medidas de prevenção são insuficientes ou inexistentes”, alertam os pesquisadores José de Lima Ramos Pereira, procurador-geral do trabalho, e Cirlene Luiza Zimmermann, titular da Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho e da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, em artigo para o Correio Braziliense.
Medidas preventivas para não adoecer
Os articulistas frisam ainda que cabem as organizações, sindicatos, trabalhadores, sejam os formais, sejam os informais, e toda a sociedade precisam estar alinhados à luta para prevenção de doenças relacionadas ao trabalho, com a adoção de medidas preventivas e assegura um meio ambiente de trabalho saudável para o trabalhador não adoecer. “A Constituição da República de 1988 segue a linha da ampla proteção ao assegurar o direito fundamental à redução dos riscos inerentes ao trabalho a todos os trabalhadores urbanos e rurais”, afirmam.
Após o período pandêmico tão desafiador a todas as pessoas, também despontou-se a importância de medidas preventivas em prol da saúde mental dos trabalhadores. Segundo a pesquisadora da Unicamp, Márcia Bandini temas sensíveis como o suicídio precisam ser abordados e a adoção de políticas públicas sobre o tema devem estar em pauta: “Fala-se pouco, estuda-se pouco e publica-se pouco sobre este assunto. Talvez, por conta do estigma e dificuldade de lidar com o tema, que é extremo e muitas vezes é patologizado, o que é um grande erro. É preciso combater o estigma e desvincular a ideia do suicídio como sendo uma manifestação de uma doença, embora existam sim quadros relacionados, mas não é uma regra”, disse, em live promovida pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS).
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