As pessoas trabalhadoras do campo sabem dos desafios de sua jornada laboral, que não se resumem só em lidar com as condições meteorológicas, mas também em cuidar da própria saúde. Para tanto, entidades atuantes na agricultura se mobilizam a levar informações sobre prevenção, especialmente em tempos de crise climática enfrentada no planeta, que exigem esforços físicos e mentais, como calor e frio extremos, por exemplo.
Com o tema “Futuro sustentável no trabalho e no clima”, a campanha Abril Verde de 2025 do Ministério Público do Trabalho (MPT) reitera a necessidade de adaptação de ambientes laborais às essas mudanças e propõe diretrizes em relação a interdependência entre o equilíbrio ecológico e a proteção da saúde dos trabalhadores.
“Políticas públicas ambientais, de saúde e trabalhistas precisam avançar juntas. É urgente a implementação de planos de ação climática que contemplem o mundo do trabalho, fortalecimento de sistemas de alerta, educação ambiental e sanitária, regulações que garantam ambientes laborais seguros, fiscalização rigorosa e diálogo socioambiental”, destacam Cirlene Luiza Zimmermann, coordenadora da Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho (Codemat) e da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora do MPT, e José de Lima Ramos Pereira, procurador-geral do MPT, em artigo ao Metrópoles.
Informar o trabalhador do campo para conscientizar
Em Venâncio Aires, RS, a 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) em parceria com a Secretaria de Saúde está levando testes rápidos e atualização vacinal, rodas de conversa sobre prevenção de acidentes a trabalhadores rurais, além de palestra sobre medidas preventivas no trabalho com veículos e máquinas, a servidores da CRS, na Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (SISP), bem como atividades voltadas ao público em geral.
“O Abril Verde busca sensibilizar toda a comunidade sobre os riscos ocupacionais, sejam eles em atividades formais ou informais e o município organiza a programação com ações voltadas ao público para chamar a atenção sobre a importância de trabalhar com cuidado, evitando o adoecimento e acidentes de trabalho”, ressalta Carla Lili Müller, enfermeira da Vigilância em Saúde do Trabalhador, ao A Hora.
Já no Espírito Santo, a Secretaria da Saúde (Sesa), por meio do Núcleo Especial de Vigilância em Saúde do Trabalhador (Nevisat), traz na campanha deste ano o incentivo à promoção da saúde dos trabalhadores rurais em todo o estado, com ações educativos, webinários e o III Simpósio Capixaba de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, a ser realizado no próximo dia 30, com o mote “Mudanças Climáticas e a Saúde dos Trabalhadores Rurais: desafios e perspectivas”.
Entre os mais de 11,8 mil acidentes de trabalho notificados em 2024 no sistema e-SUS Vigilância em Saúde (VS), 14% foram em trabalhadores rurais.O Nevisat identificou ainda que, por exemplo, 47% das 615 intoxicações exógenas relacionadas ao trabalho, 87% dos 926 casos de câncer ocupacional e 85% dos 547 casos de dermatoses ocupacionais acometeram trabalhadores do campo do estado.“Não só o Espírito Santo, mas o mundo tem sido assolado por eventos climáticos extremos, capazes de afetar diversas classes de trabalhadores, em especial, os rurais”, conta Frederico de Freitas,chefe do Núcleo.
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