Ambientes de trabalho precisam levar em conta a saúde auditiva

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Assunto recorrente em CIPA, a saúde auditiva precisa ser pauta dentro da jornada de trabalho, pois já vivemos em um mundo cada vez mais barulhento. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que até 2050 mais de 700 milhões de pessoas (ou uma em cada dez) terão perda auditiva incapacitante, e 2,5 bilhões conviverão com algum grau de perda auditiva.

E os fatores são inúmeros para tal, perpassando as condições laborais. “A chamada surdez profissional ocorre quando há uma alteração irreversível do ouvido interno pela exposição prolongada a níveis sonoros elevados, resultante do exercício profissional, sendo essenciais medidas de proteção individuais e a execução de um programa de monitoramento e conservação auditiva”, explica Fátima Regina Abreu Alves, do Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo (HSPM), em reportagem do site da prefeitura da cidade de São Paulo.

Além da surdez, a exposição contínua a níveis elevados de ruído pode levar a problemas de saúde significativos, como o estresse e até doenças cardiovasculares. Um trabalho publicado na plataforma Scielo Brasil, de 2015, investigou a prevenção da evolução da perda auditiva em trabalhadores por conta de perda da audição induzida por ruído em ambientes ruidosos, através de um Programa de Conservação Auditiva. Dos 100 registros médicos e testes examinados, 28 notificações médicas a trabalhadores apresentaram perda auditiva compatível com as induzidas por ruído.

 

Saúde auditiva requer equipamentos adequados

 

Uso de abafadores, protetores auriculares e também isolamento acústico são alguns dos meios para que o trabalho dentro de ambientes em que o ruído está presente não seja prejudicial. É importante frisar a consulta da Norma Regulamentadora 15, que determina os níveis de tolerância ao ruído medido em decibéis (DB).

Vale ressaltar ainda que essa variação de ruído pode ocorrer pela utilização de aparelhos que produzam barulho excessivo, no próprio ofício (um trabalho serralheria, por exemplo), bem como itens que por si produzem sons mais altos ou intermitentes, como o ar-condicionado, em que é necessária uma caixa protetora que abafe a emissão de som.

“Existem várias medidas que as empresas podem tomar para melhorar a acústica em ambientes industriais. Isso inclui a instalação de barreiras acústicas, enclausuramentos, revestimentos de máquinas, proteção auditiva e a implementação de políticas de rotação de trabalho para limitar a exposição ao ruído. É preciso também investir em maquinário mais silencioso e realizar avaliações regulares de ruído para garantir que os níveis permaneçam dentro dos limites seguros”, detalha Marco Aurélio de Paula, engenheiro acústico e fundador da GRM Acústica.

 

Recomendações

 

Os especialistas aconselham que as organizações que não tomam medidas adequadas para controlar o ruído em seus ambientes de trabalho podem se encontrar em situações jurídicas difíceis, já que os funcionários que sofrerem danos à saúde devido à exposição ao ruído podem ter o direito de buscar compensação legal.

Marco Aurélio enfatiza a realização de laudos para checar se os níveis de emissão de ruídos estão dentro dos parâmetros permitidos, bem como o mapeamento de áreas ruidosas para identificar as principais fontes sonoras. “É essencial ter sempre disponíveis EPIs apropriados para a função de cada um dos funcionários, além de treinamento para o uso correto e fazer medidas de controles acústicos para dar mais conforto auditivo aos colaboradores, reduzindo custos com aposentadoria especial e o risco de ações judiciais por perda auditiva”, salienta.

Já Fátima Regina Abreu Alves lembra que, além dos cuidados individuais para a redução da perda auditiva, também são necessárias ações de saúde voltadas à prevenção. “Programas de conscientização da população quanto à exposição a ruídos altos e prevenção da exposição ao ruído ocupacional é uma medida, inclusive com o rastreamento precoce de perda auditiva na população adulta e nos idosos e o tratamento de infecções otológicas e doenças sistêmicas crônicas associadas”, finaliza.

Foto: reprodução

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