Após tragédia com coletor em Blumenau, SC, especialistas cobram mais atenção à NR-38
Ezequiel Albino Ramiro estava na parte de trás do caminhão da empresa responsável pela coleta de lixo em Blumenau, SC, juntamente com outro colega coletor, quando o veículo subia uma ladeira que tombou lateralmente e esmagou o trabalhador, que veio a óbito, já o outro não se feriu. A tragédia poderia ter sido evitada mais atenção à SST, principalmente em profissões de alto risco como a coleta de lixo.
Ele tinha 27 anos e ocorrência foi em setembro, causando a comoção familiar e de colegas. Ao site SCC SBT, trabalhadores da companhia que realiza a coleta alegam falta de material adequado para a execução das funções: “Os colaboradores informaram que reivindicam material adequado para o trabalho, como luvas, botas, além de melhorias e mais segurança”, informa nota, salientando que a empresa “reforçou que promove a saúde e segurança dos trabalhadores. Informou ainda que a morte do colaborador está sendo investigada, para que se encontre a causa raiz do acidente evitando que volte a ocorrer”.
Prevenção à tragédia
Esta tragédia é um exemplo da importância de fornecer todos os equipamentos de proteção, mitigar possíveis incidentes e acidentes, além de valorizar e resguardar os trabalhadores dessa profissão que por si tem diversos riscos, que vão desde cortes e excesso de peso até o caso que vitimou Ramiro.
De acordo com o Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil (2023) da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA), estima-se que o setor de limpeza urbana tenha empregado diretamente 351 mil pessoas em 2022, aumento de 4,4% com relação ao ano anterior (cerca de 14,8 mil postos de trabalho). As regiões Sudeste e Nordeste, com 43,3% e 29,4% dos postos de trabalho do setor, respectivamente, são as que mais concentram tais postos de trabalho.
Norma Regulamentadora NR-38
Em janeiro, como noticiado aqui em Cipa, foi regulamentada a NR-38, que trata da atuação desses trabalhadores, e a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro) realizou em setembro um curso sobre “Normas Regulamentadoras – NRs: prevenção, proteção e desafios”, em formato híbrido.
Tereza Luiza Ferreira dos Santos, tecnologista e pesquisadora na entidade foi uma das docentes para falou dessa Norma Regulamentadora, destacando as condições de trabalho dessas pessoas, cujo escopo está em um ritmo intenso de atuação, ausência de normas de produção, modo operatório repetitivo e uma alta exigência de demanda cognitiva (atenção em percepções físicas e auditivas): “Quando saímos para observar equipes que coletores de lixo, de varrição e de poda, percebemos que não há nenhuma normativa que oriente essas pessoas sobre os cuidados em relação ao processo produtivo e sua segurança”, alerta a pesquisadora.
A íntegra do curso está disponível neste link
Foto: Marcos Fernandes/ SCC SBT