Dores musculares e sofrimento psicológico compromete a harmonia no ambiente de trabalho

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Considerado um dos principais motivos de afastamento do trabalho, as doenças osteomusculares (DORT), como a Lesão por Esforço Repetitivo (LER), incapacitam não só fisicamente, mas afetam diretamente o estado psicológico do trabalhador. Anualmente, cerca de 30 mil pessoas sofrem com o mal no Brasil, conforme o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Segundo Adriana Belintani, advogada especialista em saúde mental, para compreender as estatísticas, é preciso analisar a condição das estruturas oferecidas nesse ambiente de trabalho, tais como ergonomia, pausas frequentes, manejo de pesos compatíveis. “Essa análise minuciosa deve ser considerada e tratada com seriedade pelas empresas e, também, pelo próprio profissional, que precisa identificar se está confortável ou não em seu posto de trabalho”, ressalta.

 

Sintomas psicológicos e as doenças musculares

 

Mas o que encontramos, na prática, diz ela, é um descaso perante as doenças musculares, que são muitas vezes negligenciadas ou ainda tratadas de modo desumanizado.

“O incômodo e restrição causados pelas dores frequentes deve ser diagnosticados por meio de exames médicos, acompanhados de laudos clínicos e afins. Já os sintomas que comprometem a saúde mental, normalmente, ficam à deriva. O fato é que em muitos casos, a causa do desconforto está relacionada à alta demanda de trabalho da função. É o que é chamado de estresse emocional, que apresenta indícios como formigamentos, tensão e rigidez muscular, inchaços, inflamação nos tendões, perda força muscular, entre outras limitações”, explica a advogada.

De acordo com Adriana, o que muitos esquecem, é que o poder limitador da DORT desencadeia, em pouco tempo, quadros de depressão, desânimo, baixa autoestima, irritabilidade, incapacidade de visualizar perspectivas positivas e distúrbios do sono. “Independente do estado físico, são esses quadros que estão diretamente ligados ao aumento do número de afastamentos do trabalho. Por sua vez, o afastamento pode piorar o quadro, visto que se estabelece dúvidas sobre a perspectiva de melhoria de condições de trabalho, do retorno normal às funções e, até, da possibilidade de ser readmitido no quadro funcional”, informa.

O psicológico na cultura organizacional

 

A linha tênue entre a dor física e psicoemocional precisa ser revisitada pelos empregadores, observa a especialista. “É preciso incluir essa pauta na cultura organizacional das companhias. Afinal, a prevenção ainda é a melhor forma de construir o bem-estar no trabalho. Ações como o estabelecimento da ginástica laboral, meditação, pausas nos ambientes de interação pessoal, planejamento de demandas, atendimento psicológico, humanizam a relação de trabalho. Essa reflexão tem sido amplamente discutida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que define a cultura organizacional como o resultado do conjunto de crenças e práticas cotidianas da empresa que afetam o bem-estar mental e físico dos trabalhadores”, diz.

Ela lembra que é evidente que os vínculos atuais entre empregadores e trabalhadores é uma relação integrativa, por isso, os direitos trabalhistas não devem ser tidos apenas como ameaças para assegurar benefícios, como o estado psicológico saudável. “Por outro lado, negligenciar políticas de qualidade de vida trabalho fere pessoas, diminui a produtividade e impacta na credibilidade da marca do empregador”, conclui.

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