Ergonomia Sustentável mostra que alinhar os critérios ESG e os ODS é um caminho promissor para a SST
Conscientizar e sensibilizar empresas e pessoas, quanto à importância da manutenção da saúde, qualidade de vida e bem-estar no ambiente de trabalho e nas atividades de vida diária, é de suma importância na prevenção e/ou tratamento de possíveis enfermidades ocupacionais. Segundo a fisioterapeuta, técnica de Segurança do Trabalho, Terapeuta Integrativa e especialista em Ergonomia, Claudia Carvalho, dois temas que estão em alta no mundo corporativo: os critérios ESG (Ambiental, Social e Governança) e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente o 3 e o 8, que tratam da “Saúde e Bem-Estar” e “Trabalho Decente e Crescimento Econômico”, respectivamente. Recentemente, a especialista começou a incrementar suas palestras e treinamentos com esses conceitos e tem provocado um efeito que traduz a nova percepção prevencionista no mundo corporativo em tempos pós-pandemia e que vieram para ficar.
Segundo ela, a ergonomia também está passando por várias mudanças, principalmente com as novas relações de trabalho e a maior atenção à saúde mental e emocional dos colaboradores, o que tem feito com que as aplicações dos conceitos básicos de SST, ESG e ODS, estejam sendo cada vez mais levados para dentro da área ergonômica visando evitar ou neutralizar possíveis alterações de distúrbios, disfunções e até mesmo doenças ligadas ou não ao trabalho. “A minha experiência na área prevencionista me levou a ter um olhar mais abrangente, chegando ao resultado de poder aplicar o modelo da ergonomia sustentável e contínua nos ambientes de trabalho. Com isso, destaco que a Ergonomia associada a Fisioterapia, com Humanologia e Sustentabilidade é para todos, portanto, minha missão é ajudar os empregadores, empregados e gestores de vidas a neutralizar, diminuir e/ou evitar enfermidades PsicoFísicoSociais, proporcionando saúde, qualidade de vida e bem-estar no âmbito profissional e pessoal”, comenta.
Nova Ergonomia
Claudia destaca que essa nova ergonomia é a que sustenta e dá suporte contínuo para que as empresas promovam realmente a saúde, a qualidade de vida e o bem-estar dos colaboradores. “Vale lembrar que há muito tempo a ergonomia não tem sido pensada apenas como instrumento para tratar as LER/DORT e afecções da postura, do corpo e das características psicofisiológicas, principalmente agora, com todas as mudanças que foram acarretadas com o pós-pandemia nos ambientes de trabalho. O olhar para essa ferramenta está sendo ampliado para tratar o ser humano por completo, na sua integralidade e realizar uma conexão entre as afecções físicas, as desordens emocionais, as perturbações sociais e respeitar principalmente a essência de cada fator humano. Por isso, quando falamos desta nova ergonomia, vamos até considerar que é uma ergonomia 4.0, é a ergonomia propriamente sustentável, pois é uma ergonomia contínua e que tem um olhar global respeitando a individualidade, a diversidade e, ao mesmo tempo, a pluralidade do ser humano”, explica.
A especialista destaca que muitas empresas já estão respondendo a esses novos conceitos, aplicando um processo sustentável e contínuo. “Eu tomo como exemplo que muitas empresas fazem palestras, treinamentos, elaboram a AEP e a AET (Análise Ergonômica Preliminar e a Análise Ergonômica do Trabalho) e realizam algumas ações que consistem na compra de alguns equipamentos, algumas ferramentas e mobiliários, mas, muitas vezes de forma pontual. Acabou aquela ação e pronto! Não dão continuidade ao propósito da prática sustentável e contínua como deveria. E não pode ser assim. Estamos mostrando que atualmente, a SST, no bojo do desenvolvimento sustentável, exige ações voltadas à promoção da saúde real e da segurança no trabalho integradas a vários conceitos, que podem contribuir para que o nosso país alcance os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável atrelados às ODS 3 e 8, por exemplo”, comenta.
Claudia lembra que o Brasil é um dos países-membro da Organização das Nações Unidas (ONU), que compactuou para atingir as metas dos ODS até 2030, e, especificamente quanto aos objetivos 3 e 8, que são os que se referem à promoção do trabalho, que seja decente e que tenha um crescimento econômico sustentável. “Nosso trabalho é aprofundar essas ações nas empresas e levá-las a alcançar resultados que agreguem mais valor preventivo nos seus ambientes laborais. Muitas empresas estão despertas e aderindo a esses novos conceitos”, avalia.
Compromisso das empresas
A especialista aponta o que mais as empresas podem esperar com a ergonomia sustentável: “as empresas já investem em planos de saúde na área de saúde ocupacional, e podem potencializar os resultados positivos ao tratar o tema globalmente e estrategicamente e não de forma pontual, mas dando continuidade aos preceitos que o ESG e os ODS podem agregar em prol da ergonomia sustentável. Sabemos que os custos de adoecimento aumentam consideravelmente aqui no Brasil e no mundo. Portanto, podemos reduzi-los criando um sistema que envolva a ergonomia e fatores humanos, a qualidade de vida, o bem-estar e o bem-viver ao ser humano. E assim, a atuação prevencionista vira sistêmica, sustentável, integrativa e contínua”, pontua.
Ela afirma que este novo modelo é um caminho promissor para a SST, pois nos leva a entender, que em prol da saúde e segurança, a organização deve alinhar as ações e estratégias do seu negócio aos princípios de ESG, dos ODS, com foco na qualidade de vida e bem-estar contínuos.
“Ao priorizar o S do ESG na SST, por exemplo, estamos conscientizando as pessoas sobre a perspectiva de que o mundo se torne um lugar melhor para se viver. E para as empresas, os benefícios são refletidos nos negócios, na sociedade, diante de um mercado competitivo, em que os produtos e serviços estão dispostos à escolha do consumidor, do fornecedor. Sob essa perspectiva, a empresa que é socialmente responsável, que faz a promoção da saúde, proporciona ambientes mais seguros e saudáveis mostra um diferencial, que é a essência da sustentação dessas regras e proporcionam ganhos em diversas esferas e a longo prazo”, conclui Claudia Carvalho.
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