Um trabalhador quase perdeu o pé em uma das unidades da SpaceX, companhia de sistemas aeroespaciais com destaque para a fabricação de foguetes, do multimilionário ElonMusk, localizada em Washington, Estados Unidos. A empresa recebeu uma multa de mais de US$ 3 mil (equivalente a R$ 18 mil) e alega que foi um “incidente isolado e o problema havia sido corrigido”.
Na ocasião, um rolo de material caiu, esmagando o pé do funcionário e investigações apontam que os colaboradores eram desobrigados a calçar sapatos com biqueira de aço, Equipamento de Proteção Individual (EPI) importante para funções em que há itens que possam ferir essa região. Vale ressaltar que os rolos pesam em torno de 136 quilos cada e são carregados por meio me máquinas.
“O trabalhador relatou aos inspetores que a segurança é negligenciada na empresa, pois o foco é na produção massiva em um tempo curto. Mencionou que uma máquina estava ‘deliberadamente configurada de forma incorreta’ para aumentar a produção, resultando na quase amputação do pé”, aponta reportagem do site O Antagonista.
Multa
Esta não é a primeira vez que colaboradores da SpaceX entram na Justiça por conta da ausência de ações em prol da Segurança e Saúde do Trabalho e, por conta disso, passível de multa. Um levantamento da rede de notícias Reuters revelou que a companhia viola, desde 2014, as normas de SST e as práticas padrão em suas instalações nos EUA, resultando em pelo menos 600 ferimentos e total de multas na casa de US$ 50,8 mil (R$ 251,6 mil).
O histórico espantoso expõe também as limitações da regulamentação de SST nos EUA, como a falta de inspetores nos órgãos estaduais e federais. “A NASA, principal cliente da SpaceX, se recusou a comentar sobre o caso. A esposa de um dos funcionários feridos move uma ação por negligência, mas tanto a NASA quanto a SpaceX ainda não se pronunciaram”, endossa matéria do O Antagonista.
No Brasil
No País, a realidade também é assustadora: acidentes de trabalho matam ao menos uma pessoa a cada quatro horas, segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (SmartLab), que consideram apenas registros envolvendo pessoas com carteira assinada.
A faixa etária em que os acidentes mais ocorrem é entre homens de 18 a 24 anos e mulheres, dos 30 aos 34, e sofrem, principalmente, cortes, lacerações, fraturas, contusões, esmagamentos, distensões e torções.
Para José de Lima Ramos Pereira, procurador-geral do trabalho, esses acidentes não ocorrem por acaso. “Em média, são 70 casos por hora e sete mortes por dia no Brasil. É muita coisa! Na maioria das vezes, ocorre por descaso de quem tem o dever de oferecer equipamento melhor, orientação e um ambiente seguro, e não o fazem”, frisa.
“Esses temas devem ser preocupação constante para nós, em razão das perdas de vidas e de capacidade laborativa em todo o mundo. Trabalho seguro, sadio e hígido é fundamental”, finaliza o procurador, em reportagem do Tribunal Superior do Trabalho (TST).
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