Incidência de calor extremo durante trabalho exige EPIs apropriados
Trabalhadoras e trabalhadores que executam atividades em altas temperadoras e calor extremo precisam de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) adequados para exercerem as atividades com segurança, o que inclui desde vestimentas, até itens como balaclavas, luvas e óculos. Isso é um fato, mas agora tem outro desafio: o clima, que cada vez está mais quente, causando o chamado estresse térmico. O problema ocorre quando há um aumento de temperatura durante tempo determinado, como ondas de calor, e durante esse tempo de adaptação de um organismo humano saudável é comum haver dores de cabeça, mal-estar e letargia.
Um levantamento conduzido por pesquisadores da Fiocruz (2021) mostrou potenciais riscos de aumento da mortalidade por doenças cardiovasculares e respiratórias por conta desse estresse, em especial em regiões tropicais e em indivíduos com comorbidades. “A tendência é que, com o aumento da temperatura, o organismo reaja de alguma forma ao estresse térmico. Para pessoas com problemas cardiovasculares ou com outro histórico de saúde mais comprometido, podem levar a situações sérias”, explica Sandra Hacon, professora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) e coordenadora do estudo.
Calor extremo
No caso do calor extremo, a pauta gera muita preocupação pela OIT (Organização Mundial do Trabalho). “A produtividade do trabalho já desacelera na temperatura acima de 24°C, e que a partir de 33°C, o desempenho do trabalhador pode cair até pela metade, dependendo da atividade”, explica Nicolas Maître, economista do Departamento de Pesquisa do órgão ao site da Climatempo.
Maître lembra que o fenômeno não ocorre apenas quando se está exposto diretamente ao sol. “Outro ambiente propício é uma fábrica que não esteja devidamente ventilada, ou quando há o uso maquinaria pesada ou vestuário de proteção”, alerta. A OIT destaca ainda os trabalhadores independentes, para os quais a perda de produtividade resulta numa redução direta de rendimentos e meios de subsistência.
Como dito, EPIs adequados são essenciais para garantir que o trabalho seja feito de forma segura e sem danos aos colaboradores. A NR-17, por exemplo, determina que o trabalhador deve ter o mínimo de conforto, sendo exposto a temperaturas entre 20° e 23°C, com circulação de ar mínima e boas condições de umidade do ar que devem ser iguais ou superiores a 40%. Já a ISO 7730 normatiza que os uniformes devem ser usados conforme cada atividade exercida, o que inclui os térmicos.
Falando em vestimentas térmicas, muito importantes nas atividades com calor extremo, sua principal função é isolar o corpo dos fatores ambientais externos, porém de maneira que não cause incômodo. Macacões, calças e blusas de mangas compridas, a fim de proteger toda a pele, são os utilizados. Outro item é a capa aluminizada, que em sua fabricação são inseridas películas de alumínio, unidas por um filme de proteção, o que resulta em uma resistência a abrasões maiores.
EPIs adequados
As luvas térmicas são indispensáveis para proteger as mãos não apenas do calor (ou frio), mas também de outros riscos durante o trabalho, como em metalúrgicas e siderúrgicas. É contraindicado permitir que o trabalhador execute qualquer trabalho em altas temperaturas sem o uso de luvas térmicas, aliás.
Já a máscara de proteção facial, além de evitar que respingos e fagulhas possam cair no rosto e olhos, também pode evitar que todo o calor do local ocasione sensação de desconforto. Por falar em olhos, óculos de proteção são úteis mesmo quando a máscara já tenha um visor acoplado. Os óculos devem ter proteção infravermelha e ultravioleta, com o objetivo de aumentar a segurança desse local sensível. E para proteger o pescoço e orelhas, balaclavas e capuzes são disponibilizados.
Ainda no quesito proteção de cabeça, algumas tarefas, como solda por exemplo, podem gerar gases nocivos ou mesmo o próprio calor pode causar lesões pulmonares. Aí que entra os respiradores com filtro. O sistema de filtragem é importante para que a oxigenação seja mantida em níveis saudáveis e o profissional tenha bons resultados de trabalho.
Por fim, é primordial o conforto e segurança de um calçado. Em geral, o mais utilizado é a bota, que pode ser confeccionada em couro, protegendo do calor no local ou evita o respingo que possa cair nos pés. A forração e palmilha poderão ser revertidas com tecidos de tratamento térmico e além do couro, os calçados podem ser feitos em PVC e microfibra. Além das botas, também é recomendado usar meias térmicas, visando isolar os pés do calor proveniente do chão ou mesmo do próprio calçado, em condições térmicas extremas.
Foto: GettyImages