Investir em ESG, para ambientes de trabalhos mais justos e saudáveis, é também receber investimentos

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Os recentes casos de denúncias de condições degradantes em que trabalhadores estão sendo encontrados no Brasil levantou uma sigla que está em voga: ESG (do inglês Environmental, Social and Governance), e, mais especificamente o “S”, do Social, está ganhando destaque em tempos cada vez mais globais e conectados.

A exigência da sociedade por mais diversidade, equidade, inclusão e relações estreitas com comunidades tem colocado o ESG social cada vez mais em evidência nas empresas e quem foge desse contexto, além de ficar para trás no mercado, pode sofrer penalidades, além de, obviamente, impacta a vida de funcionários e suas respectivas famílias.

 

Pautas do ESG

 

Fornecer condições favoráveis, programas de bem-estar aos colaboradores, além de cumprir exigências trabalhistas e de saúde laboral não são “penduricalhos”, mas essenciais para uma jornada de trabalho mais justa e saudável. “As altas gestões precisam estar em sintonia e, principalmente, gerenciar e participar ativamente de mudanças nas condições de trabalho. Isto garante redução de custos, ampliação de benefícios e não apenas um gasto”, ressalta Carlos Dias, gerente médico de indústria de produtos de saúde.

A Revista Meio Ambiente Industrial, em 2022, coordenou o Simpósio Ambientes Seguros e uma das pautas foi o ESG. Para o Prof. Dr. Fernando Codelo Nascimento, UNESP/UNIVESP E CREA-SP: “As equipes devem se preparar, pois novos processos serão testados, novas ferramentas serão implementadas, os custos deverão ser reduzidos, os processos serão otimizados e projetos precisam ser iniciados dentro de novos contextos em constante transformação. Atualização e melhorias devem ser contínuas”, frisou.

 

O ambiente e os colaboradores

 

Como dito, pensar em melhorar as condições de trabalho para os colaboradores e, inclusive, se estendendo aos familiares é um passo para colocar o Social em prática. O médico James O. Prochaska, que foi professor de psicologia clínica e da saúde da Universidade de RhodeIsland (EUA), é conhecido internacionalmente pela criação do Modelo Transteórico de Mudança de Comportamento (MTT, sigla em inglês). Trata-se de estratégias para auxiliar os colaboradores a mudarem seu comportamento em relação à saúde e ao estilo de vida e as empresas, com orientação especializada, podem adotar. “O gerenciamento e incentivo podem ser realizados pelas companhias, por meio de divulgação online, por exemplo. Valorização de progresso de todos os envolvidos faz parte da fórmula para que pessoas e ambientes se tornem mais saudáveis”, explicou em evento no Brasil em 2014.

 

Investir para ter investimento

 

A necessidade de investimentos em ESG se dá fortemente pela demanda do consumidor e dos próprios investidores, estes no caso de companhias maiores, como aponta o levantamento Global Reporting and Institutional  Investor  Survey, da EY.

O estudo aponta que 78% dos investidores entrevistados acreditam que a preocupação em atender às diretrizes ESG deve existir nas companhias. Investimentos para aprimorar a sustentabilidade corporativa devem ser feitos com foco nos negócios, mesmo que possam indicar diminuição de receita ou lucro, no princípio, aponta a pesquisa, que ouviu mil líderes financeiros de empresas e 300 investidores.

Clarissa Nepomuceno Caetano Soares, advogada e sócia do Escritório Nepomuceno Soares e mestre em Tributação Ambiental, Relações Econômicas e Sociais, destaca que a visão estratégica nos negócios não só pode, como deve andar junto com a preocupação com o meio ambiente e a sociedade. “Com isso, é possível traçar um plano de adequação daquilo que ainda não atende aos padrões. Essas mudanças (que de início podem diminuir a receita) ao longo prazo vão fazer com que a reputação da empresa e seu valor de mercado cresçam, além de possibilitar também ganhos financeiros, como aumentar o lucro numa perspectiva duradoura e mais confiável”, diz.

A advogada diz que “para implementar as práticas ESG não é necessário mudar toda a estrutura e forma de operação da empresa”. Segundo ela, “a adequação deve ser feita de modo que contribua também para o crescimento empresarial, já que a agenda ambiental e de governança fomenta a confiança do investidor e a percepção da integridade e da ética nesse ambiente corporativo”, finaliza.

Foto: Reprodução

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