Problemas causados pelo Burnout atingem CISOs e ameaça segurança digital no país
O esgotamento mental físico e mental, também chamado de Síndrome de Burnout, já é uma realidade entre muitas pessoas que atuam nas mais diversas profissões. Imagine, então, com quem lida com segurança digital, os chamados CISOS (do inglês, Chief Information Security officer, ou responsáveis pela segurança da informação, tradução livre)?
Segundo pesquisa divulgada pela ISACA (Information Systems Audit and Control Association), entidade internacional que elabora certificações de segurança de sistemas, revelou que 70% dos CISOs ouvidos sentem-se esgotados e 30% consideram a possibilidade de deixar seus cargos futuramente. Se medidas preventivas não forem tomadas, a situação pode piorar até 2027, destaca o estudo.
Olhar para o trabalhador da segurança digital
Para Denis Nesi, diretor executivo e CISO, a resiliência pessoal é importante para lidar com o estresse, mas não é tudo. “É fundamental reconhecer o papel crucial do ambiente de trabalho e das medidas preventivas para a redução do estresse. Na área de cibersegurança, os desafios constantes tornam o trabalho insustentável e o impacto psicológico afeta a qualidade das decisões e prejudica o desempenho dos profissionais”, escreve, em seu artigo.
Lindando com o Burnout
Ainda colocando na ponta do lápis, segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com essa doença ocupacional classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 2022, e que atualmente, o Brasil é o segundo país com mais casos diagnosticados no mundo.
Para Otávio Pinto e Silva, professor do Departamento de Direito do Trabalho e Seguridade Social da Faculdade de Direito da USP, os departamentos de recursos humanos das empresas precisam estar preparados para enfrentar essas situações e estabelecer um ambiente de trabalho mais saudável. “Muitas vezes, o trabalhador tem uma reação de ficar mais calado, introvertido, e tem até vergonha de expor aquilo que está passando. Todo mundo pode passar por isso um dia, então é muito importante que a empresa tenha esse ambiente adequado para poder enfrentar essas eventuais situações”, aponta, em entrevista à Rádio USP.
Ambos os especialistas reconhecem a necessidade de medidas preventivas. Além de um local de trabalho mais saudável, a redução do estresse, encontrar o autoconhecimento e o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, bem como busca profissional em saúde e inclusive jurídica, no caso de afastamento e direitos trabalhistas, são essenciais nesse período tão delicado.
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