Panorama brasileiro mostra que saúde do trabalhador deve ser prioridade nas organizações

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As Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Assédio (CIPAs), os Centros de Referência ao Trabalhador (Cerests) e outros programas realizados pela Saúde Pública ou dentro das empresas são de extrema valia para preservar o bem-estar e a vida dos colaboradores. E isso vai além de um dispositivo obrigatório, já que segundo a CLT em seu artigo 162, determina que as organizações devem o de manter serviços especializados em medicina do trabalho e do artigo III ao XV, são dispostas as normas referentes à Segurança e Saúde do Trabalho.

Dados obtidos pelo site Empregos.com.br mostram um aumento de quase 50% no interesse das empresas em implantar ações de bem-estar aos colaboradores, já que um quarto das organizações afastou funcionários por adoecimento mental nos últimos 12 meses. A Síndrome de Burnout, classificada como doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022 e inclusa na lista de doenças ocupacionais no Brasil em 2023, é responsável pelo afastamento de 30% dos empregados.

 

Inspiração para as organizações

 

Para Mariano Alberichi, engenheiro de Segurança do Trabalho do Sesi Paraná, a SST é essencial para não só evitar acidentes e promover ações de saúde mental, mas também um assunto que deve ser discutido e inspirado nas organizações. “É importante tratar esse assunto sobre dois pontos de vista: o econômico, que encobre os custos referente aos treinamentos, atendimento à legislação, equipamentos adequados e melhor qualidade de itens como os equipamentos de proteção, evitando os passivos trabalhistas; e o lado humano, diretamente ligado à promoção da saúde no ambiente de trabalho e a consciência desse trabalhador em relação a sua importância dentro da empresa”, frisa.

Muito embora haja bons exemplos da aplicabilidade da SST nas corporações, ainda há um longo caminho a ser percorrido: pelo menos um brasileiro morre no país a cada 3h47 em decorrência de um acidente laboral, segundo o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho. Quais seriam, portanto, as soluções? Para José de Lima Ramos Pereira, procurador-geral do trabalho, ao jornal Extra, o tema precisa estar em pauta em todas as esferas: “Na maioria das vezes, um acidente ocorre por descaso de quem tem o dever de oferecer equipamento melhor, orientação e um ambiente seguro, e não o fazem. Deve ser preocupação constante para nós, em razão das perdas de vidas e de capacidade laborativa em todo o mundo”, argumenta.

 

Mudanças necessárias

 

Já para Diego de Oliveira Souza, professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e membro do Grupo de Trabalho em Saúde do Trabalhador da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), se faz necessária uma mudança também nos mecanismos de notificação de acidentes de trabalho. “Submetidos ao controle social devem ser concretizados, pois as Comunicações de Acidente de Trabalho já se mostraram suscetíveis as manipulações de empresas, assim como as notificações do Sistema de Informação de Agravos de Notificação têm se revelado incipientes, refletindo a invisibilidade da STT nos demais setores internos e externos ao Sistema Único de Saúde”, frisa, em artigo ao site Outras Palavras.

E conclui: “As CIPAs, conselhos de saúde, sindicatos, cooperativas de trabalhadores, entre outros, devem exercer um papel mais eminente no processo de notificação, até como reflexo de seu protagonismo na vigilância em saúde do trabalhador em geral”.

Foto: reprodução

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