Síndrome de Burnout: desafios enfrentados revelam como as empresas podem prevenir o esgotamento profissional e outros transtornos

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Passamos boa parte do dia trabalhando e uma empresa com um ambiente minimante adequado é essencial não apenas para produtividade, mas para manter a saúde dos profissionais que nela atuam. Afinal, o ambiente corporativo em muitas vezes consome bastante energia e essa exposição em longos períodos, sem os cuidados devidos, pode gerar transtornos diversos físicos e mentais.

O tema está cada vez mais relevante no mundo do trabalho: pesquisa recente feita pela Harvard Business Review em parceria com a plataforma de meditação Calm mostrou que 82% dos executivos norte-americanos ouvidos concordam que o estresse no ambiente de trabalho é um problema em suas organizações e 72% dizem que esse problema causa impactos negativos extremos em suas companhias.

Síndrome de Burnout

Um dos termos mais citados no estudo foi a Síndrome de Burnout pós-pandemia e não é para menos: após três anos de pandemia provocada pela Covid-19, o cenário é de trabalhadores cada vez mais cansados, esgotados e insatisfeitos dentro das empresas. Para se ter ideia, outro levantamento, feito pela International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR), revelou que o país ocupou a segunda posição nos casos de Burnout no ranking mundial em 2021, ficando atrás apenas do Japão. A organização também apontou que 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com essa condição, conhecida por provocar exaustão física e mental.

Saúde física e mental: conjunto de melhorias

“Não apenas a Síndrome de Burnout, pós-pandemia mas os transtornos mentais relacionados ao trabalho têm se tornado uma epidemia. São hoje a segunda maior causa de afastamentos do trabalho no Brasil e no mundo, algo que se acentuou com a pandemia. No caso, pelo fato de o Burnout ser uma síndrome do esgotamento profissional, vê-se um aumento significativo de diagnósticos, uma vez que nossas formas de trabalhar estão cada vez mais precárias e intensificadas”, explica Bruno Chapadeiro, professor da Universidade Federal Fluminense, RJ, sobre a importância de estudos mais aprofundados na área.

Chapadeiro, que atua no Laboratório de Pesquisa em Psicologia, Organizações, Saúde, Trabalho e Educação da Universidade Federal Fluminense (LAPOSTE/UFF), Bruno Chapadeiro, tem realizado pesquisas junto ao Observatório Nacional de Saúde Mental & Trabalho (Observatório SM&T) com o intuito de averiguar, em parceria com o Ministério da Saúde e com o Ministério Público do Trabalho (MPT), os riscos psicossociais envolvido no trabalho, o Burnout e os demais Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho (TMRTs), assim como os suicídios relacionados ao trabalho em âmbito nacional.

Além da Síndrome de Burnout, outros problemas podem prejudicar a saúde mental de seus colaboradores, como o turnover, ou seja, a alta rotatividade de pessoas dentro da corporação (por demissões em massa, por exemplo) e o absenteísmo. Nesse quesito, aliás, além das questões mentais, as empresas também necessitam investir em itens como ergonomia; a promoção de uma Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (SIPAT, organizada pela CIPA e ocorre, obrigatoriamente, anualmente); além de ginástica laboral orientada; acompanhamento nutricional e a realização dos exames médicos ocupacionais, seja as previstas por lei para garantir o acompanhamento da saúde do trabalhador, seja o estímulo de os colaboradores fazerem exames complementares.

Panorama global

De acordo com recente estudo do Future Forum, consórcio de pesquisa apoiado pela consultoria SalesForce, mostrou que 40% das pessoas que trabalham em escritório se sentem esgotadas no trabalho, uma alta em relação ao período mais agudo da pandemia, sentido especialmente por mulheres e trabalhadores mais jovens. Estes, em particular, relataram dificuldades com a Síndrome de Burnout.

A pesquisa foi realizada trimestralmente em Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Austrália, Alemanha e França, entrevistando 10.243 trabalhadores de 16 de novembro a 22 de dezembro de 2022. Segundo os dados, 41% dos entrevistados nos EUA disseram que se sentiram esgotadas no final de 2023, pouco abaixo da taxa global de 42%.

No Japão, por exemplo, o governo pediu às empresas que ajudassem os trabalhadores a lidar com a inflação, considerada a mais alta desde 1981. Já os franceses foram às ruas reivindicar contra o aumento da idade para se aposentar (nesse caso, sem sucesso).

As alternativas para sair desse ciclo tóxico estão desde as demissões até o investimento em ações como flexibilidade de horários.  “Todos os benefícios da flexibilidade são sobre como você dá às pessoas um tempo concentrado. A flexibilidade também melhora a cultura de uma empresa, e toda vez que digo isso aos executivos, eles ficam surpresos”, diz Brian Elliott, executivo que supervisiona a pesquisa do Future Forum.

Para evitar a Síndrome de Burnout, estabelecer metas realistas e alcançáveis, que permitam desempenhar as funções sem sobrecarga física e emocional, é também um lado importante que todos os atores envolvidos dentro de uma empresa precisam se atentar, explica Manoel Alexandre, CEO da Ligamar Seguros. “É preciso que as empresas estimulem as atividades físicas e hobbies a seus colaboradores, bem como ter um canal aberto de comunicação entre equipes e superiores e um programa de ajuda emocional ou mesmo encaminhar esse colaborador caso se sinta sobrecarregado ou estressado”, reforça.

Ele salienta ainda que as empresas precisam estar atentas às necessidades dos trabalhadores e assim, oferecer um ambiente de trabalho saudável, com reconhecimento e autonomia, prevenindo o esgotamento profissional e outros transtornos”, finaliza.

Foto: reprodução

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