Cerests estão mobilizados para proteger a saúde dos trabalhadores em meio à crise dos incêndios no Brasil

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Já falamos aqui em Cipa da importância dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerests) em levar informações preventivas e atendimento humanizado a quem atua todos os dias no ambiente laboral. Agora, com os recentes incêndios florestais que assolam tantos pontos pelo Brasil também levaram esse equipamento ao patamar que auxiliar quem extingue as chamas, ou quem atua em meio a uma cidade coberta de fumaça e cinzas.

Para tanto, o Ministério da Saúde, por meio de sua Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (DVSA), convocou em setembro uma reunião emergencial com representes dos Cerests das regiões afetadas pelas queimadas, bem como crise hídrica, baixa umidade do ar e aumento de ondas de calor.  Participaram integrantes da Sala de Situação Nacional de Emergências Climáticas em Saúde, do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador (DVSAT) e de Comissões Intersetoriais de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (Cistt) e membros de 100 Cerests de 20 unidades federativas, em sua maioria das regiões Centro-Oeste, Norte e Sudeste.

 

Saúde dos brigadistas que combatem os incêndios

 

O foco foi o fortalecimento da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (Renastt) no enfrentamento dessa emergência climática, além de explicações técnicas à atenção de brigadistas, populações com jornadas de trabalho por longos períodos em exposição ao sol (urbano ou rural).

“A vigilância é fundamental para proteger a saúde da população trabalhadora nestas áreas porque nos permite criar estratégias concretas de avaliação de riscos e redução da exposição dos trabalhadores. Não podemos aceitar como natural o adoecimento ou morte de brigadistas florestais e quaisquer outros trabalhadores em decorrência das emergências climáticas”, alerta destaca Luís Henrique da Costa Leão, coordenador-geral do DVSAT.

A recomendação da pasta é que as empresas forneçam EPIs condizentes a esse cenário, bem como o aumento da ingestão de água, evitar atividades ao ar livre e o uso de máscaras N95, além de seguir a Norma Regulamentadora NR-17, que regulamenta o conforto térmico e a qualidade do ar em ambientes climatizados.

 

Trabalhadores

 

Segundo reportagem da DW Brasil, ao menos 11 pessoas morreram combatendo o fogo desde agosto de 2024, sendo um dos casos mais emblemáticos foi o de Uellinton Lopes, de 39 anos. Ele trabalhava para o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que ao combater as chamas na Terra Indígena Capoto/Jarina, no Parque Nacional do Xingu, MT, acabou por morrer carbonizado.

Muito embora a atividade de brigadista seja reconhecida na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) desde 2020, não há um código no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

“É urgente que tenha um código específico para agravos com brigadistas florestais. A morte e queimaduras são os riscos da atividade, mas não os únicos: doenças cardiovasculares, respiratórias, renais, osteomusculares, cortes e picadas por animais peçonhentos são alguns dos problemas. A fumaça também é reconhecidamente causadora de câncer”, destaca a professora Kelly Polido Kaneshiro Olympio, do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), à DW.

 

Sindicatos

 

De acordo com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o grande problema está na carência de auxílio a trabalhadores informais, como vendedores ambulantes e catadores, que atuam por longos períodos sem um abrigo para se proteger do sol extremo ou mesmo das fumaças.

Em nota, o sindicato endossa que, diferentemente da população formal, que tem garantias legais para condições adequadas de trabalho, os trabalhadores informais ficam expostos às condições extremas, com poucas opções para se protegerem dos danos à saúde.

“A crise dos incêndios e queimadas escancara a desigualdade de acesso a direitos básicos e proteção, ampliando os riscos aos trabalhadores que dependem das ruas para sobreviver. Esses profissionais são parte fundamental da economia, mas, diante do avanço das queimadas e da fumaça, permanecem vulneráveis, sem assistência ou mesmo de políticas públicas que os resguardem. É preciso que todos tomem cuidados essenciais para evitar problemas à saúde”, informa nota.

Foto: Joel Silva/Reuters

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