Seminário lança Guia sobre Nanotecnologia para Trabalhadores

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O IIEP (Intercâmbio, Informações, Estudos e Pesquisa) em parceria com entidades de trabalhadores e movimentos sociais de todo o país, esteve presente no seminário “Os Desafios das Nanotecnologias para os Trabalhadores” e, sobretudo, para o lançamento do Guia de Nanotecnologias para Trabalhadores e Trabalhadores. O evento ocorreu no dia 13 de novembro, no Sindicato dos Químicos em São Paulo.

O coordenador do IIEP, Sebastião Lopes Neto, explana sobre a importância de reunir cientistas, especialistas de diversas áreas, pesquisadores, movimento sindical e lideranças de trabalhadores rurais e urbanos para discutir e consolidar uma agenda unitária de ações sobre as questões que envolvem as nanotecnologias. “Antes do seminário no auditório, tivemos uma reunião importante no sentido de debater os impactos da nanotecnologia na área social, econômica, ambientais, principalmente nas questões de saúde, éticas e regulatórias”, diz Neto.

Sebastião Neto ainda comenta que é necessário que os trabalhadores saibam mais a respeito das nanotecnologias e suas implicações; embora seja impossível compreender de fato todos os impactos negativos que esta matéria em dimensões nanométricas possa causar à saúde – tanto do trabalhador quanto do consumidor. No Brasil, de acordo com informações do IIEP, faltam mais estudos sobre os riscos e impactos da utilização das nanotecnologias. As informações são geralmente produzidas do ponto de vista empresarial e não fomentam de forma ampla os estudos que possibilitem as transformações sociais, econômicas e políticas para o mundo do trabalho.

Além do coordenador do IIEP, a mesa de abertura foi composta pelos pesquisadores da Fundacentro, Arline Abel Arcuri, de São Paulo; Luís Renato Balbão Andrade, do Rio Grande do Sul; Ademir Acosta Pereira Bueno, da Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul; Gilberto Almazan, do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (Diesat); Ana Elsa Murarini, do Movimento das Mulheres Camponesas; Dione do Nascimento, do Conselho Nacional dos Seringueiros; Carlos Jardel de Souza Leal, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) e o autor do Cordel sobre “Nanotecnologia: Minhas Dúvidas Grandiosas sobre Coisas Pequeninas”, Crispiniano Neto.

Também esteve presente na reunião e no seminário, o pesquisador da Fundacentro do Espírito Santo, Alexandre Custódio Pinto. “A Fundacentro, o IIEP, a Renanosoma, o próprio Paulo Martins, todos nós estamos trabalhando há anos e, a cada evento e reunião, percebo o quanto está ampliando o leque de representantes de diversas entidades também preocupados com o tema”, discorre Alexandre. Para ele, a reunião foi proveitosa e o lançamento do guia de nanotecnologia destinado aos trabalhadores enfatizam os esforços de todos que participaram desta publicação em benefício da disseminação de informações a respeito das nanotecnologias.

Para o pesquisador Luís Renato, o ponto importante das discussões do seminário concerne na questão da pluralidade das visões em torno do tema. “Eu não tenho uma visão tão pessimista da situação, pois todas as inovações e mudanças na sociedade sempre imputem um risco e nós evoluímos a partir de experimentação”, diz Balbão. Ele considera valido o avanço das nanotecnologias, porém, acredita ser fundamental que se tenha cautela, usando o princípio da precaução e cuidados. Sobretudo, pensar adiante para identificar os problemas e poder saná-las.

“Da mesma forma, o avanço da tecnologia da informação mudou a nossa vida. Hoje usamos e estamos conectados ao mundo com a internet e os smartphones que também causam problemas. Essas discussões e essas visões multifacetadas são importantes, principalmente quando pessoas de várias formações e de diversos locais e experiências participam dessas tratativas, porque essa troca de experiência permite identificar os problemas. Desta forma, podemos controlar possíveis riscos e não ser controlado pelas novas tecnologias e sim, tomar as rédeas da situação”, salienta o pesquisador.

Guia eletrônico e Guia impresso sobre Nanotecnologias para Trabalhadores e Trabalhadoras
Antes da apresentação da pesquisadora Arline, o coordenador do IIEP destaca a presença de algumas pessoas que foram importantes para o desenvolvimento das discussões de nanotecnologias, que inclusive resultaram na elaboração de um Guia eletrônico, hospedado no site do IIEP, entre elas, estão o Pérsio Dutra (Peninha), o pesquisador da Fundacentro/ES, Alexandre Custódio, que foi a base da história em quadrinhos sobre nanotecnologia, a Lilian Arruda Marques e a Betty Almeida que analisou os termos técnicos corretos. Ressaltou que os especialistas tiveram o trabalho de pesquisar tudo o que tinha na internet sobre o tema.

A pesquisadora da Fundacentro/SP, Arline Arcuri, inicia a sua palestra apresentando o Guia de Nanotecnologia para Trabalhadores e Trabalhadoras. Destacou a importância tanto do IIEP quanto da Fundacentro para mostrar o impacto da nanotecnologia e preparar informações básicas para que a sociedade possa entender o que é esta nova tecnologia.

Arline ainda informa que foram consultadas mais de 300 referências bibliográficas para compor o guia no formato eletrônico, que pode ser encontrado no link do IIEP. Ela aponta que as questões e áreas de conhecimentos no entendimento da nanotecnologia, perpassam todas as áreas, seja no direito, sociologia, física, química, e outras. O Guia tem como objetivo facilitar o acesso do público interessado às principais fontes de informações relacionadas ao tema, os quais compreendem artigos científicos, relatórios institucionais, livros, vídeos e outros.

Guia impresso
O Guia impresso contem 80 páginas e 13 capítulos, que vai desde a apresentação do trabalho, o que está em jogo com as nanotecnologias, agradecimentos, o que são nanotecnologias, números das nanotecnologias no Brasil e no mundo, principais aplicações das nanotecnologias, riscos das nanotecnologias, regulamentação das nanotecnologias, visão dos trabalhadores, referencias bibliográficas, glossário, glossário político e anexos. Os Guias são parte de projeto apoiado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Destacando o tamanho do material na nanoescala, Arline explica que o fulereno, que é um tipo de nanopartícula, tem a mesma relação com uma bola de futebol, do que esta comparada ao tamanho do planeta terra. O fulereno é formado de átomos de carbono, foi descoberto em 1985, sendo o mais comum o buckminsterfulereno (C60), com 60 átomos de carbono formando uma estrutura esférica. Também existem fulerenos maiores, com 70 a 500 átomos de carbono.

“O guia apresenta o regaste da história da nanotecnologia e as partículas na escala nano, sempre existiram. A nanotecnologia é considerada uma nova revolução industrial”, salienta a pesquisadora.

Com relação aos investimentos do mercado mundial é visivelmente perceptível através dos números o crescimento, sendo que em 2002 eram U$110.6 bilhões; e em 2015 sobe para U$ 891.1 bilhões, esses valores são relativos às áreas que utilizam a nanotecnologia. “Não há área do conhecimento que não utiliza a nanotecnologia”, frisa Arline.

De acordo com estudos do governo, as nanotecnologias, juntamente com a biotecnologia e as tecnologias ambientais são as mais novas da revolução tecnológica. Se voltarmos na história, nos anos de 1780 a 1830, houve a revolução devido a máquina a vapor; já em 1830 a 1880, entram as estradas de ferro e aço; após vem a eletrificação de produtos químicos de 1880 a 1930; do automóvel e da petroquímica em 1930 a 1970; e as tecnologias da informação e comunicação estiveram presentes a partir de 1970 a 2010.

Diante desses avanços, as discussões em torno das nanotecnologias por especialistas de diversas formações informam que as nanotecnologias estão presentes no cotidiano das pessoas, “pouco ou nada se sabe a respeito dos riscos da sua manipulação, ingestão, inalação e consumo em geral. Por isso, a tentativa desta publicação é esclarecer um pouco melhor o que são afinal essas manipulações técnicas de matérias tão pequenas e como elas impactam a produção e a reprodução da vida humana”, descrevem os especialistas.

Foi possível observar que tanto na palestra da pesquisadora, quanto nas falas dos especialistas que compuseram a mesa e o auditório, a preocupação respalda no processo de desenvolvimento das nanotecnologias. Principalmente, no que tange aos riscos e a falta de controle social nos conselhos diversos e na participação dos trabalhadores ou entidades de defesa do meio ambiente e dos consumidores nas discussões.

No final da apresentação, Arline discorre sobre a inquietação em torno das consequências do lixo eletrônico e comenta que “é preciso saber como será tratado este lixo, pois se não for regulamentado a vida no planeta pode acabar”, enfatiza a pesquisadora.

O representante do CNS, Dione do Nascimento, fala que não é contra a nanotecnologia, mas salienta que é preciso saber a procedência e os benefícios, para não termos um mundo atolado de lixo. “Não valerá ter dinheiro, se não tivermos água e alimentos para comprar”, discorre Nascimento.

Ana Elsa, do Movimento das Mulheres Camponesas de Chapecó/SC, diz “nós queremos estar no campo, cuidando da terra, do ar e defendendo os nossos direitos”. Sobre o Movimento que existe há mais de vinte anos, tem como missão a de construir um Movimento autônomo, democrático, popular, feminista e de classe, na perspectiva socialista. O Movimento das Mulheres Camponesas, nesse período, organizaram, lutaram e conquistaram o reconhecimento da profissão de trabalhadora rural. Elas ainda continuam com a luta em prol da saúde de qualidade, pela construção de novas relações sociais e de gênero, por políticas públicas que atendam aos interesses das camponesas e camponeses e pelo fim de todas as formas de violência e opressão.

Gilberto (Ratinho) do Diesat relata que esta sendo extremamente rápida a inserção da nanotecnologia. Em seguida diz que o desenvolvimento das tecnologias estão evoluindo muito rápido, exemplo disso são alguns equipamentos eletrônicos que a todo momento estão sendo substituídos. Com relação a mão de obra, é necessário que a capacitação e qualificação do trabalhador, hoje em dia precisa ser constante. “A saúde do trabalhador ainda nos preocupa. Além do mais, outro fator preocupante é o caso do nanotubo de carbono que é muito parecido com a fibra de amianto. Por isso, a contribuição da Arline e do Sebastião Neto com a publicação do Guia vem ao encontro de abarcar e promover o conhecimento dos sindicatos, porque é extremamente interessante para o conjunto dos trabalhadores”, frisa Gilberto.

Ademir do Sindicato dos Metalúrgicos do Estado do RS, diz que “é uma questão nova e o Sebastião Neto é importante porque vem abordando uma discussão sobre o tema e precisamos entender de onde vem e para onde vai à nanotecnologia. É necessário continuar a discussão e aprofundar no tema, junto com os trabalhadores e avançar e fazer com que os trabalhadores entendam sobre essa discussão”, fomenta Bueno.

No dia 14 de novembro, seguiram grupos de discussão sobre éticas ambientais e sociais. Quem tiver interesse em adquirir o Guia impresso, entrar em contato com o IIEP, pelo e-mail: secretaria@iiep.org.br

Fonte: Fundacentro

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