A importância do relacionamento interpessoal na promoção de um ambiente seguro dentro da empresa

Por Eleaquim Matos

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A satisfação dos colaboradores no ambiente de trabalho é uma preocupação crescente dentro das empresas que têm como elemento fundamental o ser humano, o seu maior capital. Nesse contexto, a segurança do trabalho tem participação direta, promovendo capacitação que contribua para a conscientização e educação profissional de cada funcionário. Mais importante, para a motivação em trabalhar em acordo com as normas. 

 

Essa formação transforma culturas pessoais ao quebrar paradigmas construídos de maneira equivocada durante a trajetória profissional de cada colaborador. Ao conscientizar as pessoas de que um acidente pode transformar as suas vidas e as de suas famílias, elas desenvolverão hábitos que certamente farão diferença. 

 

Por parte das empresas, espera-se um retorno crescente na diminuição dos acidentes de trabalho e aumento na produtividade, uma via de mão dupla em que empresa e empregados são beneficiados. Contudo, ainda se verifica em algumas empresas uma visão pouco clara da importância da segurança e da saúde dos colaboradores. Não são raras as críticas no interior de fábricas, em canteiros de obras, mineradoras e outros. Se investigarmos a fundo, perceberemos que muitas das situações de inconformidade acontecem por falta de orientação prévia para o trabalhador sobre os riscos que envolvem a atividade e quais as formas de se proteger. Muitas vezes há somente o registro da falta de conformidade e cumprimento das normas.

 

É importante lembrar que seres humanos enfrentam problemas sociais e pessoais diariamente, e podem ocorrer variações no comportamento em virtude desses problemas. O acidente de trabalho é evitado ao levar em conta todos esses fatores, com atividades de conscientização que devem ser persistentes e incisivas, e com a implantação de normas e regras em um processo delicado, que sempre envolvem os riscos inseridos no ambiente de trabalho.

 

Nesse sentido, o registro não pode ser mais importante do que os procedimentos prévios para evitar o acidente. Expor o trabalhador com fotografias e discutir com o responsável por orientar o trabalho só gera desgaste e dificulta a relação do profissional da segurança com o colaborador, gerando um embate sobre quem tem razão e justificativas inaceitáveis. Situações assim promovem a rivalidade e prejudicam o relacionamento interpessoal, criando um ambiente pouco saudável. 

 

Diante deste quadro, mudanças são necessárias para que o cumprimento das normas de segurança prevaleça, em detrimento de situações que apenas prejudicam funcionários e técnicos. O técnico da Segurança do Trabalho deve ter em mente que é primordial tratar as pessoas com respeito, dialogar e estabelecer uma relação cordial, ao invés de registrar e fazer denúncias. É possível sim conscientizar por meio de um bate papo educativo, demonstrando os riscos presentes em atos inseguros e o impacto que essas atitudes poderão ter na vida deles e de seus familiares.  

 

Projetos bem sucedidos para reduzir o número de acidentes devem ser capazes de motivar e conscientizar o funcionário sobre a importância de se manter em segurança, pois afinal ele é o maior patrimônio da empresa. Apenas conhecimentos técnicos não garantem aos técnicos em segurança bom atendimento profissional. É necessário ter motivação para trabalhar com seres humanos e ser capaz de assegurar a todos um ambiente de trabalho agradável e seguro.   

 

Recentemente enfrentei o desafio de mudar o hábito do quadro de registro de fotografias dos colaboradores em atividades de risco, o que é feito sem o consentimento deles. Apliquei para os técnicos de segurança o teste DISC, cujos conceitos que servem de base para a metodologia foram elaborados por William Mouston Marston, autor do livro ‘As Emoções das Pessoas Normais’, publicado em 1928. Uma metodologia de avaliação de comportamento que identifica os perfis dominantes de um indivíduo de acordo com o ambiente. 

 

O teste ajudou na identificação das características de dominância, influência, estabilidade ou conformidade em cada técnico. A partir daí, propus que eles se colocassem por um dia apenas no lugar de um colaborador em atividade operacional e nesse período fizemos vários registros fotográficos de erros aparentemente sem importância. Para a surpresa de todos, quando apresentei as imagens em sala, houve consenso de que a maioria das fotos eram desnecessárias. E foi ai que mostrei os registros feitos dos colaboradores, sem consentimento, durante as atividades em outras datas e eles perceberam que eram muito semelhantes. O resultado foi fantástico.

 

A partir desse ponto, seguimos com uma série de medidas: levantamento e análise de ideias relevantes, organização do raciocínio a partir do Diagrama de Ishikawa para manter as discussões no problema prioritário, coleta de dados para identificar evidências que ajudam no entendimento do que desencadeou o incidente, entre outras. Em resumo, a partir de ferramentas comportamentais, foi possível mudar uma conduta inadequada dos profissionais de segurança, que entenderam a importância em adotar atitudes em pról de um ambiente profissional adequado aos patrões exigido pela empresa.

  

Eleaquim Matos de Souza é engenheiro Mecânico e de Segurança do Trabalho.

 

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