Alta de ciberataques pode gerar esgotamento mental nos profissionais de Segurança da Informação

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Os profissionais de Segurança da Informação estão sobrecarregados e vivem hoje uma forte pressão para manter os ambientes e dados seguros. Essa sobrecarga se intensificou com expansão do trabalho remoto, além da complexidade das regulamentações de dados, privacidade e a alta dos ataques cibernéticos.

Esse cenário destaca um alerta no mercado, principalmente no que diz respeito aos riscos de erros humanos. De acordo com o Global Risks Report 2022, levantamento realizado pelos líderes globais de Segurança do Fórum Econômico Mundial, as empresas operam em um mundo que 95% dos problemas de SI podem ser atribuídos a erro humano e onde as ameaças internas (intencionais ou acidentais) representam 43% de todas as violações.

Outra preocupação afeta diretamente os profissionais de Segurança, trata-se da Síndrome de Burnout, também conhecida como esgotamento profissional provocado no ambiente corporativo devido às situações desgastantes que levam o colaborador à exaustão física e mental.

Um estudo realizado pela Trend Micro ouviu 2.303 tomadores de decisão de TI e SOC em empresas de diferentes portes e segmentos revelou que 70% dos entrevistados são impactados emocionalmente no trabalho em função do gerenciamento de alertas de ameaças de TI. Isso ocorre porque a maioria (51%) sente que a equipe está sobrecarregada com o volume de alertas e 55% admitem que não têm total confiança em sua capacidade de priorizá-los e respondê-los. Não é à toa, portanto, que as equipes gastam até 27% do seu tempo lidando com falsos positivos.

Diva Gonçalves, responsável pela capacitação e desenvolvimento de pessoas na DG dos Santos, comenta que a Síndrome de Burnout é muito comum entre os líderes de Segurança e está ligada à exaustão do profissional e sua jornada de trabalho. Segundo ela, dependendo da gravidade do caso, é necessário tratamento médico e psicológico. Diva destaca ainda que alguns comportamentos levam o ser humano a cometer excessos, como a expansão do número de horas trabalhadas e extrema competitividade interna.

“Se o profissional negligenciar seus valores na jornada de trabalho, o risco de apatia é muito grande. Ou seja, a pessoa pode chegar em altos níveis de exaustão e, em alguns casos, aumenta até mesmo o grau de agressividade”, alerta Diva. A especialista acrescenta que a Síndrome do Burnout pode levar ao surgimento de outras doenças físicas, emocionais e mentais. “Nesses casos, tratamento médico e apoio familiar são aspectos fundamentais para a recuperação do paciente”, ressalta Diva Gonçalves.

 

Saúde mental e autoconhecimento

 

Devido à pressão no trabalho, muitos profissionais de Segurança não percebem que estão ultrapassando seus limites. Preocupado com esse cenário, o executivo Rui Borges, Information Security na Vale, tomou a iniciativa de promover palestras e desenvolver artigos sobre o assunto, com o objetivo de fazer as pessoas refletirem sobre suas rotinas, estilo e qualidade de vida.

“Os executivos de Segurança levam uma vida muito corrida e não sobra tempo para reflexão sobre estilo de vida e saúde mental. Acredito que quando a pessoa acompanha alguma palestra minha ou lê um artigo sobre o tema, automaticamente tem uns 5 minutos para repensar sobre a qualidade de vida e equilíbrio entre o trabalho e demandas pessoais”, comenta Borges.

Rui atua há 30 anos na área de TI e Cibersegurança e nos últimos 15 anos vem estudando o comportamento humano e técnicas de melhoria de saúde mental. “A Segurança é uma área que atua sob demanda, porém, por mais controles e medidas que existam, ninguém está livre de um eventual incidente. Os profissionais diretamente envolvidos nos alertas e respostas a ciberataques entram em altos níveis de estresse”, alerta o executivo.

Na visão de Diva Gonçalves, para evitar esgotamento físico e mental, é necessário que o profissional de Segurança trabalhe o autoconhecimento, desenvolvendo análise e clareza dos objetivos e valores, além de ter controle em estabelecer limites para não exceder as barreiras. A especialista ainda elenca três pilares fundamentais para a recomposição: dormir bem, ter boa alimentação e realizar exercícios físicos.

“Além de respeitar os limites, é importante que o profissional entenda dois pontos: a criação de resiliência a partir do autoconhecimento para lidar com pressão e saber o momento de voltar ao estado original e o otimismo, cultivando o sentimento que nos leva a acreditar que o melhor ainda chegará”, conclui Diva. A especialista também faz parte da Corporate Happiness, uma instituição criada entre os profissionais de desenvolvimento humano que tem como objetivo levar às organizações o conceito de felicidade sustentável a partir da ciência da psicologia positiva.

 

Fonte: Security Report

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