Em testes ao redor do mundo, semana de trabalho com 4 dias ganha adeptos no Brasil

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Encontrar um emprego com menos horas de trabalho e sem redução salarial pode parecer um sonho, mas, para alguns, essa é uma realidade cada vez mais próxima. Países europeus, como a Islândia e a Espanha, já testam a jornada de quatro dias úteis por semana, com perspectivas animadoras.

No primeiro, foram realizados experimentos ao longo de quatro anos, com uma semana de trabalho entre 35 e 36 horas. Ao final do período, concluiu-se que a produtividade aumentou, assim como a sensação de bem-estar dos trabalhadores.

Na Espanha, o governo aprovou um plano piloto de três anos, prometendo um bônus de 50 milhões de euros (cerca de R$ 300 milhões) para as empresas que fizerem parte da nova dinâmica.

No Brasil, embora a ideia caminhe a passos mais lentos, já há empresas debatendo o modelo, após adotar o regime de trabalho híbrido – que possibilita que os colaboradores se revezem entre dias em casa e no escritório.

“A semana de 4 dias seria uma adaptação do modelo híbrido, em que todos teriam um dia livre de compromissos profissionais para resolver as necessidades de sua vida pessoal”, explica Cristiane Ribas, professora de Soft Skills no ISAE Escola de Negócios.

Segundo a especialista, os benefícios deste novo formato são diversos. Os funcionários ganham um dia de descanso a mais, diante de uma rotina cada vez mais estressante, e podem também aproveitar um dia útil para agendar médicos ou tocar outros projetos pessoais que estavam engavetados. “Já as empresas têm como vantagem funcionários mais felizes, com objetivos mais claros e maior foco nos dias de trabalho”, diz Ribas.

A empresa de criação de conteúdo I Hate Flash é uma das que implementaram recentemente a jornada útil de quatro dias. “Li um texto sobre empresas que estavam adotando essas jornadas e os benefícios que folgar em um dia útil poderia trazer para a equipe, principalmente quando falamos em trabalhos que mexem com a criatividade”, diz o sócio Francisco Costa.

Segundo ele, a mudança no formato de trabalho exigiu deixar os processos ainda mais organizados. Desde então, as reuniões com todos os colaboradores passaram a acontecer no primeiro horário de segunda-feira e no último de quinta-feira. Já para que nenhum cliente ficasse sem atendimento na sexta-feira, foram implementados plantões com revezamento entre os profissionais.

Clarissa Ribeiro, diretora de projetos do I Hate Flash, conta que o dia útil de folga serviu para tocar projetos pessoais e a fez valorizar a empresa. “Me sinto mais feliz e tenho satisfação em estar em um lugar que se preocupa com meu bem-estar”, afirma.

Para Cristiane Ribas, do ISAE, proporcionar bem-estar é, atualmente, o grande diferencial no mercado corporativo. “Estamos em um novo mundo, onde sairão na frente as empresas que entenderem que transformar competências profissionais em objetivos pessoais é fundamental para os resultados da organização e para o crescimento daqueles que fazem parte dela”, diz.

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