Especialista indica tipos de EPIs adequados de acordo com o risco de trabalho envolvendo altas temperaturas
O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPIs) é obrigatório em atividades profissionais que oferecem algum risco físico aos colaboradores, conforme a lei 6514/77 e regulamentado pela NR-6, que também prega a responsabilidade de empregadores e empregados no uso dos dispositivos. Além disso, conhecer a especificidade de cada um deles é fundamental para garantir a proteção de forma correta de acordo com o risco envolvido. É o que explica Valdir Ferreira, gerente Especialista de Produto da Ansell, empresa que atua no desenvolvimento de EPIs para áreas como metalurgia, construção civil, saúde, química, entre outras.
Dados do Ministério do Trabalho divulgados em setembro de 2021, mostram que o Brasil registrou redução nos acidentes de trabalho de 725.664 para 582.507 entre os anos de 2013 e 2019. Apesar da queda, os números continuam altos e, por isso, destacar o uso adequado dos equipamentos é um dos pilares mais importantes em termos de proteção.
“Tenho rodado o Brasil inteiro e visto várias pessoas usando EPIs inapropriados para a área de risco. Já vi profissional de combate a incêndio florestal utilizando vestimenta para arco elétrico ou um eletricista utilizando um capuz para combate a incêndio”, conta Ferreira.
Coeficiente normativo de proteção
As vestimentas de proteção térmica, por exemplo, muito utilizadas por bombeiros e profissionais que atuam em áreas que envolvem altas temperaturas, são desenvolvidas de acordo com os riscos que os locais oferecem. Por isso, há uniformes que são adequados para incêndios estruturais, florestais e também outros ambientes de exposição ao calor, como fornos e caldeiras. Apesar de oferecerem resistência ao fogo, cada um é apropriado para determinado cenário.
“É importante entender que tudo pega fogo, até o aço quando exposto a temperaturas extremamente altas. Mesmo a roupa de proteção tem um coeficiente normativo de proteção de 15 segundos. Quando um tecido é enviado para teste em laboratório de resistência ao fogo, para saber se é técnico, o material é exposto à chama e quando retirado, se o fogo é normativo, tende a apagar em menos de dois segundos. Não pode gotejar e nem criar área de incandescência de acordo com a norma ISO 15025, que é de flamabilidade”.
Incêndio estrutural
São os incêndios que ocorrem em estruturas como prédios, carros, fábricas, embarcações, galpões e, geralmente, envolvem brigadas industriais ou os bombeiros militares no combate. As vestimentas térmicas utilizadas pelos profissionais desta área atendem às normas ISO 15025 de propagação limitada da chama para tecidos e EN469, que exige que os uniformes possuam quatro camadas de proteção: barreira de fogo, barreira de líquidos e umidade, e as duas barreiras térmicas.
“As funções delas são, em caso de flash over ou qualquer deslocamento de fogo sobre o combatente, a primeira camada segura. Se tiver contato com líquidos ou alguns produtos químicos básicos, a segunda camada, que é impermeável, protege, não permitindo que as substâncias atinjam o corpo do combatente. Já as terceira e quarta camadas correspondem ao feltro de fibras de aramida, material que lembra muito um edredom e serve para manter a temperatura corporal isolada da temperatura externa”, explica Ferreira.
O kit de brigada é composto por capacete e luvas de combate a incêndio (aprovado para riscos térmicos provenientes de incêndio), blusão ¾ com quatro camadas de proteção, calça com suspensório e bota específica, feita com borracha vulcanizada, biqueira de aço inoxidável, duas lâminas de aço na estrutura para resguardar do fogo, resistências no contato com substâncias químicas e proteção a eletricidade de até 600 volts. Além disso, o capuz balaclava é de uso obrigatório e tem como função manter rosto e pescoço preservados.
Incêndio florestal
Segundo o especialista, esta categoria de vestimenta atende a norma ISO 15614 e é um EPI mais leve, composto por apenas uma camada, já que é usado em incêndios caracterizados pelo fogo rasteiro.
“Existe calça e camisa, mas sempre recomendo o macacão peça única, porque praticamente protege o corpo do colaborador do pescoço para baixo. Outra exigência importante da norma é que o material seja de alta visibilidade. Por isso, é confeccionado nas cores amarelo ou laranja, para que seja possível enxergar o combatente a uma distância de até 2 km, tanto durante o dia quanto à noite”, afirma Ferreira.
Neste caso, o kit é composto pelo macacão, as luvas e botas específicas e proteção para a cabeça contra o fogo e calor irradiado.
Alto forno
No Brasil, ainda muitos colaboradores sofrem acidentes pela alta exposição ao calor e metais a altas temperaturas. Na exposição dos colaboradores em alto forno, com risco de contato com materiais em metal líquido, o gerente recomenda o uso das vestimentas aluminizadas, com aprovação pelas normas ISO 11611 e ISO 11612. Os trajes possibilitam que as substâncias escorram pela superfície, evitando a aderência ao uniforme e oferecem proteção também contra calor irradiado.
Ferreira alerta que “todo tipo de irradiação, em fornos pequenos ou grandes, ou as de forjarias, que são incandescentes, exige o uso de vestimentas aluminizadas. Elas podem ser em formato blusão e calça, avental frontal que protege somente as partes vitais do corpo ou avental tipo barbeiro, mas tudo isso precisa ser dimensionado de acordo com o tipo de serviço”.
Estas vestimentas são acompanhadas de capuzes, luvas e perneiras aluminizadas. “Quanto maior o risco, maior o nível de proteção”, finaliza.
Todos estes equipamentos – além de luvas para área de saúde, óculos de proteção, dispositivos para trabalhos em altura e/ou na indústria química, entre outros – e suas características foram temas do Workshop Interativo Online organizado pela Ansell, maior grupo global de produção de EPIs, do qual a Hércules faz parte, e contou com a participação de distribuidores e clientes de empresas de diferentes ramos de atuação. O evento foi realizado nos dias 09 e 10 de fevereiro.
Crédito da foto: Ansell by Hércules/Divulgação