Especialistas apontam que cuidar da saúde mental garante longevidade e menos riscos à saúde no ambiente de trabalho
Estamos vivendo mais e, na outra ponta, com inúmeras responsabilidades, tarefas e compromissos e com essa rotina, muitos casos de problemas de saúde mental, como estresse e Burnout, por exemplo. Resultado: o INSS registrou em 2023 um aumento de 38% no índice de afastamentos do trabalho causados por transtornos mentais. Isso atrapalha também a qualidade de vida e a longevidade das pessoas.
Outro estudo, este da consultoria Vittude, revelou que 23% dos não líderes têm algum quadro de ansiedade, enquanto cerca de 15% dos líderes apresentam o problema. “Nos trabalhos que desenvolvemos nas empresas, avaliamos os indicadores como absenteísmo, aumento do FAP (pagamento de maiores contribuições previdenciárias), licença médica por CID-F, sinistralidade descontrolada e reajuste nos planos de saúde e presenteísmo. E esse número não é baixo: 30% a 40% de populações são impactadas pelo presenteísmo. Isso significa jogar no lixo de 30 a 40% da folha de pagamento todos os meses”, alerta Tatiana Pimenta, CEO da consultoria.
Viver (e trabalhar) bem com longevidade
Lidar com essas questões não pode ser um tabu dentro das empresas, mas um assunto pertinente, tangível e consciente, apontam as especialistas. Estar com a saúde mental em dia não é somente um meio para ter funcionários ativos e produtivos, mas também pessoas mais saudáveis e com uma vida mais longeva, haja vista que pesquisas apontam uma relação direta entre a saúde física e mental.
De acordo com a revista The Lancet Psychiatry, estima-se que maus estados mentais podem reduzir significativamente a expectativa de vida, realidade que afeta mais de um bilhão de pessoas no planeta.
Para Jaqueline Silva da Conceição, advogada trabalhista, especialista em acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, a saúde mental no ambiente de trabalho é um tema regulamentado pela legislação brasileira, sobretudo pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e pelas normas de segurança e saúde ocupacional, porém é necessário avançar em termos de regulamentação específica para doenças mentais.
“Em sua obra ‘Sociedade do Cansaço’, o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han descreve a sociedade atual como marcada pela hiperatividade, pela autoexploração e por um cansaço crônico. O direito trabalhista brasileiro, embora possua dispositivos que protegem a saúde do trabalhador, ainda precisa se adaptar a essa nova realidade, em que a saúde mental deve ser uma prioridade nas relações de trabalho”, frisa a advogada, em artigo ao ConJur.
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