Higiene ocupacional nas empresas

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Profissionais antecipam e reconhecem situações perigosas e aplicam medidas de controle antes que agressões sérias à saúde do trabalhador sejam observadas Por Débora Luz/ fotos Osíris Bernardino

 

Higiene ocupacional é a ciência e a arte dedicadas ao estudo e ao gerenciamento das exposições ocupacionais aos agentes físicos, químicos e biológicos, por meio de ações de antecipação, reconhecimento, avaliação e controle das condições e locais de trabalho, visando à preservação da saúde e bem-estar dos trabalhadores, considerando ainda o meio ambiente e a comunidade. Esta definição, adotada pela ABHO (Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais) a partir de 2009 retrata o perfil do profissional nos dias atuais. A higiene ocupacional tem se tornando uma das principais preocupações da sociedade moderna, ao lado da gestão ambiental e da qualidade da segurança e saúde no trabalho. É impossível resolver o problema das doenças ocupacionais sem praticar a prevenção primária de riscos nos locais de trabalho, que é justamente o objetivo da Higiene Ocupacional. Para falar do assunto, esta edição da revista Cipa traz uma entrevista com o presidente da ABHO (1997 a 2000 – 2015 a 2018), Osny Ferreira de Camargo, higienista ocupacional, engenheiro químico e de Segurança do Trabalho e pós-graduado em Engenharia no Programa de Engenharia Mineral da USP. Osny é membro da ISRP (International Society for Respiratory Protection), trabalhou na Cetesb com fiscalização na área de controle de poluição preventiva e corretiva, bem como atuou na 3M do Brasil durante 20 anos como especialista em serviços técnicos na divisão de produtos para saúde ocupacional e segurança ambiental e, além disso, por nove anos atuou como gerente de Higiene Industrial e Ergonomia da companhia. Tamanha experiência lhe rendeu, em 2011, o título de Comendador em SST pela Animaseg (Associação Nacional da Indústria de Material de Segurança e Proteção ao Trabalho).

Como foi seu início como higienista ocupacional?
Comecei quando eu saí da Cetesb e fui para a 3M, em uma área de negócios que fabrica e vende EPIs. Entrei neste departamento para desenvolver um trabalho de capacitação de vendedores e distribuidores para que eles pudessem fazer a venda dos EPIs respiratórios e auditivos de uma maneira que as informações chegassem corretamente até os clientes, sem a possibilidade de uso inadequado. Para esse processo de capacitação, a primeira barreira que encontrei foi o fato de que, em 1987, não era reconhecido, pelo menos no Brasil, o profissional higienista ocupacional. Não havia uma formação específica de higienista. Então, por ser uma empresa norte-americana, a 3M matriz nos recomendava procurar os trabalhos dos higienistas ocupacionais porque, para a empresa, eles são os profissionais que conhecem o assunto. Ao fazer essa busca, para saber com quem falar, tive dificuldades de encontrar alguém da área. Mas, por sorte, localizei um grupo de profissionais que já trabalhavam com higiene; alguns deles órgãos de governo, como a Fundacentro, ou indústrias multinacionais de origem norte-americana que exigiam esse tipo de profissional. Tive contato também com algumas pessoas da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química).

O senhor é membro fundador da ABHO. Como foi a concepção da entidade?
Pois bem, ao encontrar esses higienistas para tentar atender a demanda da 3M, percebemos, entre nós, que havia uma necessidade de fazer com que os profissionais da área se encontrassem, que tivesse uma troca de experiências, um grupo que estudasse junto e pudesse facilitar a questão de trazer uma literatura de fora, ou seja, eram várias pendências que estes profissionais necessitavam na época. Foi em cima disso que começamos a nos reunir, criamos um grupo que se encontrava na Rhodia no período noturno para discutir esse assunto fora das instituições que trabalhavam. E foi assim que nasceu a ABHO, em 1994.

Qual o conceito de higiene ocupacional?
É uma ciência e arte da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle de agentes ambientais. Sem incluir riscos mecânicos ou ergonômicos, mas, sim, riscos físicos (ruído, calor, frio, radiações etc), químicos (poeiras, gases, vapores etc) e biológicos (vírus e bactérias que estejam presentes no ar).

 

 

 

Leia a entrevista na íntegra na Revista CIPA – edição 440

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