Importadores ainda enfrentam problemas de aquisição de EPIs devido ao aumento de preços e dificuldades de produção e transporte

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Problemas de oferta e valores elevados não se resumem somente aos equipamentos para o setor de saúde

Importar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), ou mesmo insumos para a fabricação desses produtos continua sendo uma operação de guerra. E não apenas EPIs voltados ao setor da saúde. Seis meses após o início da pandemia, que praticamente paralisou o mundo todo, as empresas continuam tendo dificuldades para comprar e transportar esses itens de segurança para o Brasil.

Jacques Levy, presidente da Associação Brasileira dos Distribuidores e Importadores de Equipamentos e Produtos de Segurança e Proteção ao Trabalho (Abraseg), afirma que os problemas iniciais, quando carregamentos chegaram a ser confiscados pelos Estados Unidos, ou receberam ordens de retorno mesmo após o navio já estar em alto mar, já não ocorrem. Todavia, a dificuldade em adquirir os produtos continua. E não é apenas para o setor de saúde. Os EPIs em geral não são mais encontrados no mercado e o tempo para entrega aumentou em 50%. “Antes, após o pedido, levava cerca de 120 dias entre o preparo da carga, transporte de navio e o desembaraço na alfândega. Hoje não é possível receber uma compra de EPIs em menos de 180 dias”, calcula Levy. “Mesmo para o transporte de avião entre o Brasil e os Estados Unidos, o prazo é de 30 dias”.

O motivo, segundo o executivo, está na redução das frotas e nos protocolos de segurança estabelecidos em cada país. “Devido ao número menor de navios e aviões circulando, os fretes também subiram muito”, garante Levy.

Mas os problemas não param por aí. Desde o início da pandemia, segundo o presidente da Abraseg, os preços dos EPIs e dos insumos praticamente dobraram. “Como a demanda pelos Equipamentos de Proteção Individuais do setor da saúde cresceu assustadoramente devido à Covid-19, pressionou o preço e todos os EPIs, seja para a construção civil, setor petroleiro, entre outros, também ficaram muito mais caros e raros de encontrar”, conclui.

Raul Casanova, diretor Executivo da Abraseg, lembra que as máscaras chegaram a triplicar de preço. “Elas custavam centavos de dólar e chegaram a US$ 1,50 a unidade”. Hoje, segundo ele, o mercado lentamente começa a se regularizar, mas os preços continuam altos e a entregas mais demoradas. “Temos associado que não recebe nada desde fevereiro”, diz.

Um mercado de R$ 8 bi

Segundo os Indicadores do Mercado Brasileiro de Equipamentos de Proteção Individual 2019, elaborado pela Animaseg, o mercado nacional de EPIs movimentou quase R$ 4,4 bilhões em 2018. As importações correspondem a cerca de 25% desse total.

No período, as vestimentas de segurança lideraram as vendas internas, com 28,8%. Na sequência, vieram os calçados de segurança (21%), luvas hospitalares (18,7%), luvas de segurança (13,6%), equipamentos contra quedas (3,7%), proteção respiratória (2,7%), face/olhos (2,7%), capacetes de segurança (1,9%), cremes protetores (1,5%), proteção auditiva (1%) e outros (5,3%).

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