Janeiro Branco: a nova Era da NR-1 e a gestão dos riscos psicossociais na Saúde

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Já falamos aqui em CIPA sobre as mudanças da Norma Regulamentadora 1 (NR-1), previstas para aplicação em maio de 2025, com destaque para uma implantação mais assertiva sobre o gerenciamento de riscos psicossociais.

E quando o tema envolve o trabalho daqueles que cuidam, como enfermeiros, médicos e demais profissionais da saúde, essas normativas podem causar um impacto positivo em suas atividades, haja vista o fomento para ações em prol da saúde mental a esse público, que sofre com jornadas exaustivas, remuneração insuficiente, vários empregos e situações extremas, como lidar com luto e violência, por exemplo.

 

Gestão dos riscos psicossociais

 

Para se ter uma noção, um levantamento do Instituto Qualisa de Gestão (IQG), entrevistando mais de 1 mil enfermeiros em seis instituições de saúde, públicas e privadas, no Brasil (AM, MG, MS, RJ e SP) em 2023, mostrou que 79,03% sentem baixa realização profissional; 20,57% apresentaram exaustão emocional, enquanto 24,13% manifestaram despersonalização, distúrbio mental que desencadeia o sentimento de desconexão entre o corpo e os pensamentos.

“Existe uma preocupação maior com o adoecimento mental desses trabalhadores, por isso a necessidade de mudanças importantes no ambiente de trabalho. O reconhecimento, o desenvolvimento profissional e a compreensão do protagonismo da enfermagem são medidas essenciais”, aponta destaca Mara Machado, destaca a CEO do IQG, ao site Medicina S/A.

 

Importância da CIPA

 

O enfrentamento dos riscos psicossociais no ambiente de trabalho, também envolve o fortalecimento da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Assédio (CIPA), recentemente renomeada para justamente enfatizar essa questão.

Para Rafael Ribeiro, engenheiro de segurança do trabalho da consultoria Zuki Saúde Ocupacional, é crucial implantar uma base sólida para a gestão de riscos. “A CIPA é um braço essencial nisso, pois conecta o corpo técnico às realidades e necessidades do ambiente de trabalho.O primeiro passo é realizar um levantamento detalhado dos riscos existentes e formalizá-los em um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Isso deve ser complementado com planos de ação e treinamento contínuo dos funcionários”, aponta.

“É necessário conscientizar os gestores sobre o impacto positivo de uma boa gestão de riscos. Muitas vezes, medidas preventivas podem até reduzir custos operacionais”, acrescenta Edison Ferreira da Silva, presidente do Sindicato das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Estado de São Paulo (SindHosfil).

 

Janeiro Branco

 

O Janeiro Branco, mês de conscientização sobre a saúde mental, pode ser um primeiro passo para a mudança de chave a favor do tema dentro das organizações e os benefícios são inúmeros e importantes. Mais uma pesquisa, esta da plataforma Zenklub, mostrou que funcionários que fazem terapia tendem a permanecer 30% a mais de tempo nas empresas.

Rosalina Moura, psicóloga clínica, e colunista do RH Pra Você, frisa que as empresas devem encarar essas mudanças como oportunidades que trazem benefícios para todos e o cuidado com a saúde mental como um diferencial competitivo.

Ela destaca que além da NR-1, a Lei 14.831/2024, que oferta uma certificação voluntária às empresas que adotarem políticas de promoção da saúde mental, traz oportunidades, já que reduz custos associados ao estresse e às doenças mentais, contribuindo à criação de uma cultura organizacional mais saudável e atraente a novos talentos.

“Investir em saúde mental não só ajuda a atender às normativas legais, mas também melhora a responsabilidade social corporativa, favorecendo a imagem pública da empresa e sua competitividade no mercado”, conclui.

 

Foto: reprodução

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