Mapeamento da saúde ocular aponta riscos no trabalho
O Instituto Penido Burnier, primeiro hospital oftalmológico do Hemisfério Sul, realiza 2511 consultas gratuitas de 16 a 20 de maio. A ação faz parte da parceria com a OneSight, ONG pertencente à Luxottica, maior fabricante de óculos do mundo. Prevê a doação de consultas, óculos de sol e de grau para conter a cegueira funcional na população de baixa renda.
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do hospital, um mapeamento da saúde ocular no Brasil realizado pela instituição aponta os principais riscos no ambiente de trabalho. Os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), observa, divulgados em 2015 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) evidenciam que os problemas de visão relacionadas à idade estão em ascensão no Brasil por causa do envelhecimento da população. Por isso, afirma, apesar de uma pesquisa do hospital com 37 mil crianças ter comprovado que os óculos melhoram o rendimento escolar de 51% das crianças que não enxergam bem, em 2016 adultos predominam no programa. Nesta edição totaliza 1656 participantes junto a 855 crianças a partir de 5 anos.
Falta de óculos reduz de 20% a 40% a produtividade
Para o médico ações como esta precisam se multiplicar porque a falta de óculos é apontada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como a maior causa da deficiência visual. No Brasil. a estimativa do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) é de que a cada 10 prescrições, duas pessoas ficam sem óculos, número que pode crescer com a crise econômica. O índice brasileiro é superior ao internacional levantado pela OneSight. No mundo 1 em cada 7 pessoas não tem acesso à consulta e óculos.
Sem correção visual adequada, o oftalmologista ressalta que a chance de manter o emprego despenca. Isso porque, a produtividade cai de 20% a 40%, dependendo do grau de dificuldade para enxergar. Como se não bastasse, segundo a OMS os problemas de visão são 3 vezes mais frequentes nas classes de menor renda. Está concentrada portanto no “chão da fábrica e aumenta os riscos de acidentes no trabalho.
Dificuldade de enxergar de perto atinge 33% dos brasileiros
Queiroz Neto destaca que os nossos olhos envelhecem bem antes do restante do corpo. Isso porque, a partir dos 40 anos perde o foco para todas as distâncias. É a presbiopia ou vista cansada caracterizada pela dificuldade de enxergar de perto que atinge 33% da população brasileira. O médico afirma que usar o computador, celular e outras mídias por muitas horas está antecipando a vista cansada no Brasil. Isso porque, explica, nossos olhos não foram feitos para focar apenas a curta distância. O resultado é a perda de acomodação visual. Para melhorar o conforto, o oftalmologista diz que o ideal é usar um óculos para meia distância para quem trabalha no computador, já que a distância ideal entre o olho e a tela é de 60 cm.
Mulheres
Os dados do IBGE também confirmam uma pesquisa feita por Queiroz Neto sobre os problemas de visão na população feminina. Isso porque, revelam que as alterações oculares na mulher são 50% mas frequentes que nos homens. O médico explica que a população feminina tem mais problemas de visão por causa da flutuação dos hormônios sexuais, anatomia do olho, maior estresse oxidativo, incidência do diabetes e hipertensão entre mulheres.
Mercado
O oftalmologista destaca que uma parcela importante de brasileiros continuam enxergando mal, mesmo quando tem acesso aos óculos, por falta de exames periódicos. Prova disso são os 36,5 milhões de brasileiros com problemas de visão apontado pelo IBGE e a à comercialização de 43,5 milhões de lentes ou 21,75 milhões de óculos de grau conforme a última pesquisa de mercado realizada pela Abiótica (Associação Brasileira da indústria Ótica). Como os distúrbios visuais são três vezes mais frequentes nas classes de menor renda e o consumo se concentra nas classes A e B fica claro que a maior parte dos brasileiros que precisam usar óculos não fazem a atualização em intervalos anuais ou bianuais conforme é recomendado.
Fonte: Cenário MT