Mulheres na linha de frente da Segurança e Saúde no Trabalho: histórias inspiradoras mostram superação de desafios e transformação em prol de um bem maior
No Dia Internacional da Mulher, 8 de março, celebramos o papel transformador das mulheres na Segurança e Saúde no Trabalho (SST). Técnicas, engenheiras, médicas, ergonomistas, higienistas e enfermeiras do trabalho emergem como agentes de mudança, garantindo ambientes laborais seguros e inclusivos. Conheça histórias inspiradoras e que estão transformando o setor em todo o País.
Entre essas profissionais, destaca-se a médica do trabalho, Rosylane Rocha, que, movida pela paixão e pelo desejo de contribuir para o bem-estar dos trabalhadores, encontrou na SST sua vocação. “Fui apresentada à especialidade Medicina do Trabalho por um amigo Residente e me apaixonei”, revela a médica. “Os médicos do trabalho prestam assistência aos trabalhadores que são responsáveis pelo desenvolvimento do país. Tudo funciona porque há um trabalhador realizando a sua tarefa, e isso é formidável.”
Apesar dos desafios históricos, como o predomínio masculino na área, a médica celebra a crescente presença feminina na Medicina do Trabalho. “Antigamente havia um predomínio de homens médicos do trabalho, mas a medicina mudou seu perfil e hoje já há mais mulheres médicas do que homens. Com a Medicina do Trabalho ocorreu um crescimento da presença feminina”, afirma.
No entanto, para Rosylane a jornada não foi isenta de obstáculos. “Estar à frente das coordenações, como gestora principal é desafiador. Em Brasília eu assumi a Coordenação de Segurança e Saúde no Trabalho no Serviço Público do Distrito Federal, foi uma grande superação”, compartilha.
A médica do trabalho acredita na meritocracia e no reconhecimento da competência técnica feminina. “Acredito que há meritocracia e a Médica do Trabalho que apresentar competência técnica terá sempre seu lugar garantido”, declara.
Ela destaca a contribuição única das mulheres na SST, ressaltando a sensibilidade e a busca pela segurança como características essenciais. “Com sua sensibilidade e maior habilidade de buscar sempre a segurança”, afirma.
As novas tecnologias têm transformado a maneira como a médica trabalha, principalmente na identificação de riscos e na elaboração de notas técnicas. Ela vislumbra um futuro promissor para as mulheres na SST, com oportunidades de liderança em cargos de alta direção.
Rosylane Rocha, que é diretora científica da Associação Nacional dos Médicos do Trabalho (Anamt), enfatiza o papel fundamental das mulheres na promoção da saúde mental e do bem-estar no trabalho, destacando a resiliência e a empatia como características femininas que contribuem para um ambiente harmonioso.
“Resiliência e maior empatia, são características femininas que em muito contribuem para um ambiente mais harmônico”, observa.
Para jovens mulheres que desejam ingressar na área, o conselho da especialista é claro: invistam na residência médica, a base da formação especializada. E, no Dia Internacional da Mulher, a médica celebra com orgulho sua trajetória na linha de frente da SST. “Orgulho em ser Médica do Trabalho”, declara.
Histórias inspiradoras na SST
Para celebrar esta data tão importante, destacamos, aqui, trechos das entrevistas que fizemos com mais seis profissionais que são referências na área de SST. São histórias inspiradoras! Acompanhe:
Karen Volpato, CEO e criadora da MulherEHS, destaca: “Tenho testemunhado uma evolução significativa, porém discreta. Ainda estamos longe da paridade com a presença masculina na área. A crescente conscientização sobre diversidade e inclusão está expandindo nossa percepção dos valores que as mulheres podem agregar.” Para ela, a liderança feminina na SST tem o potencial de revolucionar a cultura organizacional: “As mulheres tendem a incorporar abordagens empáticas, genuínas e colaborativas, facilitando o engajamento dos trabalhadores e o reconhecimento de sua importância.”
Liliane Fernandes de Sousa, técnica de segurança do trabalho, compartilha: “A motivação para me tornar uma profissional de segurança do trabalho reside, principalmente, na proteção da saúde e do bem-estar dos trabalhadores. Na minha profissão, contribuo diretamente para garantir que os ambientes de trabalho sejam seguros, prevenindo acidentes e doenças ocupacionais.” Apesar dos desafios como preconceito e assédio, Liliane afirma: “Ser mulher na linha de frente é também um compromisso com a quebra de estereótipos e a luta pela igualdade de gênero, garantindo que outras mulheres se sintam encorajadas a seguir essa trajetória.”
Michelle Vieira de Carvalho, engenheira de segurança do trabalho, reconhece: “Seria hipocrisia negar que ainda sofremos discriminação. Um dos maiores desafios que enfrentei, e que acredito ser comum a muitas mulheres, é conciliar a vida profissional com as responsabilidades domésticas e a maternidade.” Michelle acredita que as mulheres podem contribuir de maneira única para a SST: “Precisamos educar nossos filhos para entender que o gênero não define nossa profissão. Devemos mostrar que a frustração faz parte do crescimento e que temos o direito de escolha.”
Valdenise Souza, higienista ocupacional e presidente da ABHO, observa: “Hoje, empresas estabelecem metas para ter mulheres na liderança e oferecem vagas preferenciais. Espero que as próximas gerações não precisem desses incentivos e que a presença feminina no mundo corporativo seja mais equilibrada.” Valdenise ressalta a importância da saúde mental: “Precisamos inserir esse tema em todos os níveis das organizações. A dupla jornada feminina traz desafios importantes, e a sobrecarga mental não pode ser ignorada.”
Lideranças em prol da saúde mental e bem-estar dos trabalhadores
Anna Cristina Baptista Pereira, engenheira de segurança do trabalho, relata: “Quando iniciei, nos anos 90, precisei provar minha competência mais do que meus colegas homens. Enfrentei questionamentos sobre minha capacidade técnica e liderança, além de discriminação de gênero e assédio moral e sexual.” Anna Cristina destaca o papel das mulheres na promoção da saúde mental: “Mulheres frequentemente lideram iniciativas de bem-estar por terem uma visão mais integrativa. A saúde mental e a segurança são indissociáveis, e os programas de SST devem incluir a prevenção do burnout e o suporte psicológico.” No Dia Internacional da Mulher, Anna Cristina celebra a oportunidade de representar e valorizar todas as mulheres que transformam ambientes de trabalho. “É um momento de celebração e reflexão sobre os desafios que ainda precisamos superar”, expressa.
Maria Angélica Guglielmi, enfermeira do trabalho, afirma: “Muitas vezes, era difícil me impor para que minha voz fosse ouvida. Superei esses desafios com conhecimento técnico, dedicação e postura profissional.” Maria Angélica destaca o papel das mulheres na promoção da saúde mental: “As mulheres desempenham um papel importante na promoção da saúde mental e do bem-estar no ambiente de trabalho, frequentemente trazendo uma abordagem intrinsecamente empática e cuidadosa.”
Essas profissionais experientes mostram que o futuro da SST se desenha com mais oportunidades para mulheres em cargos de liderança e inovação, impulsionadas por iniciativas como o Programa Emprega Mais Mulher. A tecnologia é vista como aliada, exigindo atualização constante e uso consciente. Para jovens mulheres que ingressam na área, o conselho é claro: invistam em autoconhecimento, qualificação e networking. Essas histórias de superação e transformação mostram que a jornada é desafiadora, mas a preparação transforma obstáculos em oportunidades.
Para se aprofundar nas trajetórias e ideias inspiradoras dessas profissionais da SST, acompanhe a edição 518 da Revista Cipa, que estará em breve circulando com a reportagem completa.
Foto: MulherEHS/Divulgação Karen Volpato