Síndrome de Burnout e os desafios para o profissional do século XXI

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Por Dr. Leonard Verea*

O atual modelo de trabalho tem impactado a saúde mental de muitos profissionais, desencadeando a chamada Síndrome de Burnout, que é caracterizada pela sensação de esgotamento devido ao excesso de trabalho. O problema tem crescido tanto entre a população mundial que tem quem a chame também de “a doença do trabalhador do século XXI”. No ano passado, inclusive, a OMS (Organização Mundial da Saúde) incluiu a Síndrome na próxima edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), que passará a valer em 2022.

Segundo dados da International Stress Management Association, 33 milhões de brasileiros já desenvolveram da Síndrome de Burnout e muitos ainda sofreram com o agravamento do quadro durante a pandemia do novo coronavírus, na qual, mesmo em regime home office, a pressão e a cobrança no trabalho aumentaram. As incertezas em relação ao futuro e quando a rotina vai voltar ao “normal” geram medo e intensificam a ansiedade. Com a sobrecarga física e mental, quem precisa cumprir uma rotina de trabalho e ainda atingir metas tem mais risco de desenvolver uma doença.

O seu nome a antecede, já que, traduzida do inglês, “burnout” significa “queimar até o fim”. A Síndrome é reconhecida por um cansaço devastador, como se as reservas de energia do corpo fossem esgotadas. Uma pessoa que antes apresentava bons resultados, e se mostrava competente e atenciosa, de repente liga o “piloto automático” e, no lugar da motivação, surgem a irritação, falta de concentração, desânimo e sensação de fracasso. Esses são indícios de uma doença cruel e de difícil diagnóstico.

Para reconhecer os sinais e tentar se precaver, três características principais marcam a doença. A primeira é a exaustão, a sensação de estar sem recursos físicos e emocionais. Há fraqueza, dores musculares e de cabeça, náuseas, alergias, queda de cabelo, distúrbios do sono, maior suscetibilidade a gripes e até diminuição do desejo sexual. Além de sentimentos como desesperança, solidão, raiva, impaciência e depressão.

A segunda característica, com traços emocionais, está ligada a despersonalização ou ceticismo e distanciamento afetivo. O profissional passa a ter contato frio e irônico com os receptores do seu trabalho e, não raro, torna-se uma presença ranzinza e negativista. Já a terceira refere-se mais à produtividade, com baixo grau de satisfação pessoal. A pessoa produz pouco e acha que isso não tem valor.

As mudanças também acontecem de forma gradual e em fases: o sono passa a não ser mais reparador como antes, as emoções mudam o tempo todo, intercalando períodos de excitação e desânimo profundo.

Na etapa seguinte, a queda do rendimento nas tarefas do trabalho levanta dúvidas sobre a própria capacidade profissional, seguida por um comportamento agressivo com os colegas de trabalho. Quando os ataques de ira se tornam constantes, hormônios como o cortisol passam a ser produzidos e ampliam o risco de diabetes, cardiopatias, doenças autoimunes, crises de pânico e depressão.

Dicas para fugir da crise de burnout

• Para quem tem o perfil workaholic, a sugestão é que encontre outras fontes que tragam prazer, como um curso fora da sua área de atuação no trabalho ou assistir séries, por exemplo;

• Estar sempre atento aos sinais do corpo. Saber dividir as horas do dia com trabalho, lazer e descanso é fundamental para a saúde mental e física;

• Mudar o estilo de vida. Uma rotina diária de exercícios que trazem prazer, uma alimentação saudável e equilibrada, e sono em dia só vão trazer benefícios para a saúde;

• Saiba relaxar, busque apoio na família e amigos, e encontre alguém para conversar sobre amenidades.

*Leonard Verea – Médico Psiquiatra especializado em Medicina Psicossomática e Hipnose Clínica. Fundou e dirige o Instituto Verea de Psiquiatria e a UNICAP, empresa que presta Assessoria em Medicina do Trabalho e em Saúde Ocupacional.

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