Socióloga avalia condições de trabalho das manicures brasileiras
O trabalho das manicures foi tema de uma pesquisa da socióloga da Fundacentro, Juliana Andrade Oliveira, que buscou compreender os aspectos que afetam a saúde das profissionais na interação com o ambiente laboral e na relação com as clientes, já que muitas vezes elas fazem o papel de confidentes, o que pode causar desgaste emocional. O estudo envolveu entrevistas com as trabalhadoras, donos de salão e de escolas de formação profissional. Juliana também foi estudar a atividade no Canadá, onde observou o trabalho das manicures em 12 salões de beleza.
Segundo a socióloga, a atividade no Brasil é exercida principalmente por mulheres, com baixo grau de escolaridade e em condições que oferecem riscos à saúde das profissionais. “Muitas se queixaram de dores lombares devido ao esforço físico em posturas desconfortáveis e em geral com ausência de pausas, já que o ganho é por produção e nem sempre elas podem controlar a agenda”, explica Juliana.
Os relatos também mostraram a preocupação com alergias e dermatites causadas pela exposição a substâncias químicas presentes na aplicação de esmaltes e acetonas. Os instrumentos utilizados de forma inadequada, sem a devida higienização, como alicates, por exemplo, podem ser uma porta de entrada para diversos vírus, como hepatites A, B e C, HIV , além de micoses. “ Uma situação que também coloca em risco as clientes”, afirma a socióloga.
No Canadá, Juliana observou condições bem diferentes, já que naquele país existem espaços reservados para o trabalho das manicures, similares a um spa, com mobiliário adequado e ambientes aromatizados. A profissão é mais prestigiada e incluída nas atividades de esteticista.
Os interessados em obter mais detalhes sobre o estudo podem ouvir a edição desta semana do podcast disponível no site Podprevenir (www.podprevenir.com.br).