Uso correto de EPIs e adesão às normas preventivas estão entre as principais recomendações para condições laborais mais seguras
O uso correto dos EPIs faz toda a diferença na proteção do trabalhador. Recentemente, trabalhadores de uma obra ficaram pendurados a 140 metros de altura em uma estrutura metálica no topo de um prédio em construção, na Chácara Santo Antônio, na Zona Sul de São Paulo, em 17 de outubro. O andaime que fazia a ligação entre as duas torres apresentou danos na estrutura e um dos operários caiu, não resistindo aos ferimentos e faleceu. Já os outros homens foram resgatados. Em nota, a construtora responsável alega que “apesar de existirem os equipamentos de segurança e proteção, por uma fatalidade, um dos trabalhadores veio a óbito. O caso está sob apuração e, neste momento, o que se sabe é que houve um acidente na plataforma de trabalho e segurança. A empresa seguirá todas as recomendações das autoridades competentes”.
Esse é um exemplo da importância do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), a verificação das condições laborais e ainda a relevância em obedecer às normativas para que a jornada de trabalho transcorra de maneira correta e sem proporcionar riscos. Entretanto, é visto que esse cenário necessita de ainda mais atenção: dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, entre 2012 e 2021, foram registradas 22.954 mortes no mercado de trabalho formal no Brasil. Já em 2022, cerca de 2,5 mil trabalhadores foram a óbito. Enquanto, 2021 ocorreram 571,8 mil acidentes, em 2022 o total foi superior a 612,9 mil, um incremento de 7,2%.
Para Ricardo Pacheco, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho (ABRESST),a preocupação em relação à saúde dos colaboradores precisa estar na pauta das empresas e deve se estender às questões de doenças físicas e mentais, já que estão entre as principais causas de ausências do trabalho. “O número de afastamentos causados por doenças osteomusculares e do tecido conjuntivo, inclusive LER-DORT (Esforços Repetitivos e Distúrbios Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho) aumentou em 192% (de 16.211 para 31.167 casos) em 2021, última aferição”, frisa, em entrevista ao site RH pra Você.
Importância dos EPIs
A Norma Regulamentadora nº 6 (NR-6), do Ministério do Trabalho e Emprego, é mandatório por parte das empresas o fornecimento, sem ônus algum ao trabalhador, dos EPIs. Ressalta-se que para que o item seja considerado um EPI, este passa por vários testes para receber um Certificação de Aprovação (CA), expedido pelos órgãos competentes em Segurança e Saúde no Trabalho (SST).
“Em um país que ocupa o quarto lugar no mundo em número de acidentes de trabalho, a adoção de normas técnicas contribui para uma gestão eficaz de Segurança e Saúde do Trabalho (SST), essencial para garantir a melhoria contínua das condições de trabalho e a redução de custos, riscos, acidentes e doenças ocupacionais”, afirma Mario William Esper, presidente da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), também ao RH pra Você.
Iniciativas
Em 2022, Pernambuco ultrapassou a marca de 15 mil acidentes de trabalho, segundo o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, e dentre os casos a queda de altura e o uso de máquinas e equipamentos de maneira inadequada. Para tanto, o Serviço Social da Indústria do estado realiza atividades de sensibilização dentro das empresas, priorizando a redução detais casos:“O único caminho está na preservação. E isso pode ser realizado investindo e disponibilizando equipamentos de proteção coletivos e individuais, conforme as necessidades de cada atividade, além da interação com os colaboradores, com palestras sobre a importância da vida no dia a dia na empresa”, exemplifica Iran Goes, técnico de segurança do trabalho do Sesi-PE, ao Diário de Pernambuco.
Já no Distrito Federal, a Diretoria de Saúde do Trabalhador da Secretaria Estadual de Saúde (SES-DF) elaborou o “Informe Epidemiológico em Saúde do Trabalho”. O documento reuniu informações dos últimos cinco anos sobre agravos, doenças e acidentes no ambiente laboral, como lesões por esforço repetitivo (LER); dor relacionada ao trabalho (Dort); acidentes de trabalho graves e com material biológico (ATMB); e transtornos mentais. Um dos dados que chama a atenção é o aumento de casos de ATMB, com 9.255 notificações entre 2007 a 2022, com estabilização do a partir de 2018. O mais recente demonstrou que houve 888 casos registrados em 2022.
“O que mais temos visto é que a utilização dos equipamentos corretos é uma forma efetiva de prevenção”, avalia Paulo Lisbão, médico da SES-DF, um dos organizadores do informe. E acrescenta: “O número de acidentes de trabalho graves, incluindo óbitos, é preocupante. Precisamos ficar atentos e desenvolver estratégias para reduzir a incidência”.
“É importante identificar possíveis situações perigosas no processo de trabalho, assim como manter todas as vacinas em dia. A prática de atividades físicas também traz muitos benefícios”, finaliza Elaine Morelo, diretora da Saúde do Trabalhador (Disat).
Foto: reprodução