Estudos revelam impactos das novas relações de trabalho na saúde dos jovens
Já noticiamos aqui em CIPA que pessoas entre 15 a 29 anos são os mais afetados pelos acidentes de trabalho no Brasil, segundo a Fiocruz. Essa realidade não está fixada apenas no país, mas em todo o mundo, especialmente com as mudanças que as relações de trabalho estão passando no decorrer dos anos, como os avanços tecnológicos e excesso de tarefas. Vários estudos demonstram esses dados.
E uma pesquisa global conseguiu mensurar isso: segundo estudo recente da Universidade de Nova York, EUA, mostrou como as rotinas de trabalho não convencionais podem comprometer o bem-estar a longo prazo. “O levantamento aponta que há uma relação entre horários irregulares ao longo da vida — algo normalmente associado a empregos precários — a prejuízos ao sono e à saúde a partir dos 50 anos de idade”, informa reportagem da revista Galileu, que divulgou o estudo.
Estudos com trabalhadores
A base foram dados do levantamento National Longitudinal Surveyof Youth-1979, e posteriormente foram coletadas informações de 7 mil pessoas durante 30 anos nos EUA. Os voluntários em torno dos 20 anos foram acompanhados pelos pesquisadores até chegarem aos 50 anos.
Desses, apenas um quarto trabalhava em horários regulares, enquanto os demais tinham turnos diversos, trabalhos noturnos ou variáveis. Os resultados apontaram que ao chegarem à meia-idade, esses trabalhadores dormiam mal e por menos horas diárias, além de sofrerem sintomas de depressão e demais problemas físicos e emocionais. “A pesquisa mostra que fatores como tempo e esquema de trabalho, posição socioeconômica e sono podem impactar a saúde. Mas não se pode falar em uma relação de causa e efeito, pois esse impacto é multifatorial”, frisa Letícia Soster, neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein, SP.
“Estressados”
Outro levantamento, este feito pela empresa Cigna International Health, ouviu,em 2022, 12 mil trabalhadores pelo mundo e os resultados mostraram que 91% dos colaboradores com idade entre 18 e 24 anos se sentiam estressados, principalmente no que se refere às finanças pessoais (38%).Para o psicólogo João Gabriel Grabe, a sobrecarga profissional também pode ser outro fator estressor e não apenas aos jovens, haja vista o grande volume de tarefas pode ser algo propagado pela própria empresa.
“Isso pode ter origem na cultura do local onde se trabalha, com o estabelecimento de prazos curtos, acúmulo de funções, pressão em relação a metas, falta de organização e um pequeno número de funcionários para desenvolver funções necessárias”, analisa o profissional, ao jornal O Tempo, MG.
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