“Cultura do sentir” é um dos grandes desafios para os líderes nos ambientes de trabalho atuais
Expressar emoções e sentimentos como medo, raiva, alegria ou mesmo felicidade é difícil para boa parte das pessoas e quando estas estão em cargos de alta gestão, é praticamente um desafio, principalmente no mundo do trabalho, em que se é praticamente “mandatório” manter a frieza é preponderante.
Cultura do Sentir
Com o foco “como se sentem as lideranças de empresas no Brasil”, uma pesquisa ouviu 500 executivos brasileiros sobre como lidam com os próprios sentimentos. O levantamento foi das consultorias do Studio Ideias e Amélie, em parceria com a iniciativa Tempo de Mulher, cujo lançamento online ocorreu em 22 de junho. Na ocasião, os presentes foram convidados a compartilhar, via chat, os sentimentos que tiveram durante a semana.
Dentre as resoluções da pesquisa, a maioria dos entrevistados era da região Sudeste, mulheres e com altos cargos de liderança. Em números, 37% dos ouvidos se sentiram envergonhados em se sentir vulneráveis no ambiente de trabalho. “Como, então, podemos desenvolver a inovação se sentimos envergonhados com o que sentimos? Vivemos uma cultura em que é vergonhoso sentir os próprios sentimentos”, ressaltou Camila Holpert, pesquisadora do Studio Ideias, quando apresentou os dados.
Outro número assusta: essas mesmas lideranças também são lideradas e somente 35% sentem que podem contar com seus superiores e apenas 37% consideram que podem compartilhar os sentimentos com seus líderes.“Os executivos têm pensamento mais analítico, em tempos cada vez mais conectados, em especial com a Inteligência Artificial. Isso é uma realidade que não podemos fugir. Contudo, o sentimento é a nossa essência. E só estaremos plenos em nossa carreira quando tivermos essa cultura em entender o que sentimos”, frisou Olga Martinez, da Amélie Consultoria.
“Cansados”, “sozinhos” e “estressados”
Durante o levantamento, feito com base em questionário enviado aos executivos, tiveram destaques três estados emocionais (chamados de clusters), sendo a solidão (dificuldade em lidar com o time e ter a sensação de estar só), empolgação (percepção de felicidade no momento atual da carreira) e esgotamento (a quantidade excessiva de responsabilidades). Sobre lidar com os sentimentos, 49% das mulheres sentiram que precisaram escondê-los, enquanto 31% dos homens tiveram essa ação. Outro ponto contraditório é que enquanto os executivos se sentem cada vez mais “cansados, sozinhos e estressados”, na outra ponta, os mesmos também estão felizes com suas carreiras, já que 88% afirmaram trabalhar no que gostam, porém só 27% disseram que podem ser quem são no ambiente laboral.
Passamos por três anos de pandemia com times trabalhando remotamente e muitos deles preferiram ou se viram nessas condições até hoje. Na outra ponta, existem empresas em que ainda há uma dificuldade de ter uma conversa com as lideranças. Como falar em sentimentos com tantas dicotomias? Para Olga Martinez, da Amélie Consultoria, a conversa sobre sentimentos não é apenas vinda de uma única pessoa: “As soluções não estão somente no indivíduo, mas em um movimento coletivo. A solução virá do grupo”, destacou.
Programas de saúde mental
Perguntada, via chat, se as empresas em que os executivos entrevistados contam com programas de saúde mental para os funcionários, Anne Hamon, sócia na Amélie Consultoria, respondeu: “Não perguntamos o que tinha na organização, foi um processo de entender os sentimentos individuais, mas com certeza organizações que investem em segurança psicológica e dão significado para seus colaboradores terão resultados melhores”.
A afirmação procede. Segundo a consultoria Robert Half e divulgado pelo G1, sobre entender como empresas e trabalhadores se sentem em relação ao trabalho, mostrou que 89% das companhias reconhecem que bons resultados estão diretamente ligados à motivação e à felicidade dos colaboradores. Estes, 79% se sentem, de modo geral, felizes com o trabalho e dentre as motivações estão em gostar muito da profissão (69%); ser tratado com igualdade e respeito (58%) e sentir orgulho da organização onde atua (53%).
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Foto: Reprodução