Exoesqueletos na Reabilitação são ferramentas para a Ergonomia e Fisioterapia do Trabalho  

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Artigo Exoesqueletos na reabilitação - Symone Miguez - Revista Cipa

Por Symone Miguez

PhD Delft University of Technology, ergonomista senior certificada pela Abergo, fisioterapeuta, e soma 25 anos de experiência em gestão ergonômica e consultoria empresarial; colunista da Revista Cipa & Incêndio

 

 

 

Desta vez atravessei o oceano Atlânticopara conhecer o Instituto de Tecnologia Italiano, com sede em Gênova na Itália. Este Instituto é um centro de pesquisa estabelecido em 2003, por lei pelo Ministério da Educação, Universidade e Pesquisae Ministério da Economia e Finança. O IITpromove a pesquisa baseada no conceito “translating evolution in to technology”, ou seja, “traduzir a evolução em tecnologia” para a sociedade e a indústria, levando em consideração o desenvolvimento de soluções em quatro domínios de pesquisa (Computational Science, LifeTech, Nanomaterialse Robotics). Em2006 o IIT, iniciou suas atividades com uma equipe multidisciplinar e, hoje, tem, aproximadamente, 1700 profissionais locados em 11 diferentes centros de pesquisa na Itália e dois centros de pesquisa nos Estados Unidos.

Fui muito bem recebida por todos e destaco os profissionais que estiveram mais tempo comigo como os pesquisadores Dr.Giacinto Barresi; Dr.Christian Di Natali; Dr.Jesús Ortiz e o engenheiro mecânico de tecnologias da reabilitação Ricardo Vaccaro. Não poderia deixar já de agradecer a minha amiga fisioterapeuta e ergonomista Luana Bernardo Tacchinilu, que fez toda a tradução do italiano para o português nesta visita.

 

Ergonomia e reabilitação

 

O Instituto é fascinante para aqueles que amam pesquisar como eu ou são apreciadores da tecnologia. De certo eu poderia escrever muito a respeito desta visita memorável, pois conheci projetos de realidade virtual, exoesqueletos ocupacionais e de reabilitação.

Entretanto, alguns projetos que vi ainda estão em fase de desenvolvimento e meu foco nesta edição é falar sobre exoesqueletos de reabilitação.

Mas, ergonomia e reabilitação faz algum sentido? Sim, todo o sentido, pois existe a necessidade de interação entre ergonomia e a reabilitação, uma vez que os ergonomistas e fisioterapeutas do trabalho têm o objetivo comum de garantir a saúde do trabalhador em momentos distintos (prevenção e reabilitação).

Em 1978 foi proposto pelo Dr.Kumar, da Universidade de Alberta, no Canadá, o termo “Ergonomia da Reabilitação”, para incentivar esta importante interação. Atuar na ergonomia de reabilitação requer conhecimentos de anatomia, antropometria, fisiologia e biomecânica, confira o excelente artigo do Dr. Edgar Ramos Vieira sobre este assunto (https://www.redalyc.org/pdf/929/92915037018.pdf).

Conexão ergonomia e reabilitação esclarecida, podemos retornar ao nosso assunto principal, os exoesqueletos de reabilitação, que podem ser para membros superiores ou inferiores e utilizados por pessoas de diferentes faixas etárias, que foram acometidas de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) ou até mesmo portadores de lesões medulares.

 

Reabilitação Robótica

 

O exoesqueleto que vi, denominado “Float”, para reabilitação de membro superior, foi desenvolvido utilizando-se o conceito de “Co-design approach”, isto significa desenvolvimento com a participação de uma equipe multiprofissional e do usuário final, o paciente. Estes exoesqueletos estão dentro do conceito de “Reabilitação Robótica” e a vantagem em relação à terapia convencional é garantir a repetição dos movimentos precisos e a mensuração destes movimentos para o acompanhamento da progressão de cada paciente. Todo o uso do “Float” é programado e acompanhado pelo fisioterapeuta. A figura a seguir faz parte integrante do artigo científico publicado pelo Dr. Giacinto Barresi e seus colaboradores e demonstra o sistema do exoesqueleto Float, composto por duas unidades.

Artigo Exoesqueletos e reabilitação - Revista Cipa

Espero que assim como eu, você tenha percebido que os exoesqueletos, sejam ocupacionais ou de reabilitação estão ganhando seu espaço e que não é só comprar e sair utilizando, precisamos entender suas aplicações, pensar no conforto do usuário e sem dúvida planejar sua implementação com profissionais habilitados.

Dra. Symone Miguez (primeira à direita), durante visita ao Instituto de Tecnologia Italiano, em Gênova, na Itália

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