O sentimento de solidão no ambiente de trabalho se intensificou com o avanço da tecnologia sobre as nossas rotinas. Um estudo realizado pela seguradora de saúde Cigna nos Estados Unidos mostra que 57% dos trabalhadores remotos se sentem sozinhos durante todo o tempo, ou ao menos de vez em quando. Surpreendentemente, o número não varia muito entre aqueles que trabalham presencialmente: o índice fica em 52%.
Os números são resultado de relações de trabalho cada vez mais mediadas pela tecnologia, o que faz com que, mesmo diante de tantas ferramentas de comunicação, os profissionais se queixem de solidão. E esse sentimento apenas se intensificou durante a pandemia de Covid-19.
Agora, o tema é objeto de análise do livro De Volta às Conexões Humanas, do pesquisador do futuro Dan Schawbel, autor do best-seller Promova-se. Para ele, a tecnologia tem sido uma barreira à socialização genuína dos trabalhadores.
“A tecnologia é boa, mas se você permanecer nela não construirá laços fortes”, afirma. “A ‘hiperdependência’ do ambiente digital durante a pandemia intensificou alguns problemas, como uma desproporção entre desempenho e jornada de trabalho, a impossibilidade de manter-se focado em atividades reais de lazer e a construção de vínculos superficiais com os outros. Tudo isso tem como consequência um sentimento de solidão profunda.”
Ele ressalta, porém, que muitas pessoas preferem aproveitar o conforto que a tecnologia proporciona, e não investem em situações em que o contato humano é fundamental.
Com base em pesquisas e entrevistas com líderes de empresas como Facebook, Nike, American Express e Walmart, Schawbel afirma que as empresas precisam de programas internos que busquem socializar seus funcionários e estimulem a diversidade de vivências. Segundo ele, conversar com pessoas com ideias diferentes amplia o processo criativo.
Para ajudar as companhias no processo, o autor apresenta uma metodologia que permite aos colaboradores medirem seu nível de interação com os outros, o Índice de Conectividade no Trabalho. Além disso, o livro traz exercícios em que os leitores podem trabalhar individualmente ou em equipe, com foco em melhorar suas habilidades de lideranças e estratégias para aumentar a produtividade pessoal.
O autor defende que a demanda por habilidades essencialmente humanas vem crescendo. “A hora de mudar é agora, porque as gerações futuras terão sérias dificuldades em construir essas aptidões por usarem cada vez mais a tecnologia.”