MPT-MG alerta para a subnotificação de acidentes e doenças do trabalho no Brasil em audiências públicas

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A legislação brasileira estabelece que acidentes e doenças do trabalho devem ser comunicados ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Isso porque é a partir do banco de dados, que o somatório dessas comunicações geram, que o país poderá saber, por exemplo, quais as doenças que mais acometem trabalhadores em cada setor da economia, quais os setores mais geram acidentes, como pensar medidas de prevenção e proteção para os trabalhadores, como reduzir acidentes e mortes no ambiente de trabalho.

“Sabemos que o índice de subnotificação de doenças e acidentes de trabalho é alto no Brasil, por isso, o MPT, em iniciativa coordenada no Brasil inteiro pela Coordenadoria de Defesa do Meio Ambiente de Trabalho (Codemat), está promovendo audiências públicas para orientar, informar e sensibilizar empregadores sobre a importância e obrigatoriedade da informação, bem como penalidades para empresas e profissionais da saúde pública que negligenciam nessa obrigação”, explica o procurador do Trabalho Eliaquim Queiroz, que presidiu a audiência em Minas Gerais.

A subnotificação recorrente em todos os estados brasileiros fica evidenciada quando se compara dados da Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE (PNS) e do Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS). Em 2013, a Previdência registrou um total de 717.911 acidentes no Brasil, contra 4.948.000 apurados na PNS do IBGE. Em Minas Gerais o descompasso é de quase 500 mil ocorrências. Enquanto o AEPS registrou 77.252 o IBGE apurou 575.000. O custo social de acidentes e doenças do trabalho também é alarmante. Entre 2012 e 2022, os brasileiros pagaram uma conta de mais R$ 120 trilhões, para 6.352.448 acidentes e 23.259 mortes, dados registrados pelo Observatório de Saúde e Segurança do Trabalhador mantido pelo MPT e outros parceiros.

 

Notificação recomendatória

 

Para a audiência pública em Minas foram convocadas 25 grandes empresas que juntas empregam 224.563 trabalhadores. Todas receberam uma Notificação Recomendatória, que é um documento, contendo a legislação e as orientações sobre como manter organizado e funcionando corretamente o fluxo de informações entre empresa e o Sistema de Informação de Agravos de Notificação .

Elas têm 60 dias, contatos do recebimento da Notificação, para retornar ao MPT informando que providências tomaram para regularizar a situação. Duas recomendações explícitas estão feitas no documento, direcionadas ao Serviço Especializado em Engenharia e Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) de cada empresa notificada. A primeira delas é “emitir Comunicações de Acidente de Trabalho (CAT), sempre que ocorrer acidente ou doença, incluindo os típicos e atípicos, que acarretem afastamentos inferiores ou superiores a 15 dias”. A segunda é abrir canal de diálogo com a Vigilância em Saúde do Trabalhador do Município e fluxo de encaminhamento de informações para alimentação regular do SINAN, por meio da notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória.

Durante a audiência, além de explicar a legislação, o procurador do Trabalho Eliaquim Queiroz explicou todo o passo a passo para o preenchimento correto dos documentos. “A audiência pública é um momento pedagógico, pelo qual o MPT orienta, tira dúvidas e ajuda as empresas a entender o que compete a elas fazerem. A partir desse alinhamento de informações e conhecimentos, esperamos que as empresas providenciem o cumprimento da Notificação Recomendatória. Em um segundo momento, empresas que não providenciam a regularização são investigadas e podem ser acionadas judicialmente pelo descumprimento da medida”, explica o procurador.

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