Partículas consideradas seguras podem se comportar de forma diferente em escala nanométrica
De acordo com informações divulgadas em 2021 pela empresa de pesquisa Statnano, atualmente em todo o planeta, o setor de eletrônicos possui 1.926 produtos que contêm nanotecnologia, seguido por medicamentos com 1.087, construção com 864 e cosméticos com 859. Ou seja, todos esses setores têm produtos com ingredientes e elementos cujo tamanho representa um bilionésimo de um metro (10-9 m).
Os dados foram apresentados pela tecnologista Valéria Pinto, da Fundacentro – Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho, órgão do governo federal vinculado ao Ministério da Economia.
Mas até onde compreendemos a ação de produtos nessa escala, tão pequena? Partículas deste tamanho podem ter impacto na segurança e saúde do trabalhador, pois mesmo substâncias normalmente consideradas seguras passam a ter características físicas e químicas diferentes das encontradas nas mesmas substâncias e elementos em tamanhos maiores. Isso ocorre porque as nanopartículas possuem maior reatividade.
De acordo com a especialista em apresentação disponível online, “um material ‘seguro’ para ser manuseado em tamanho maior pode facilmente penetrar na pele na forma de nanopartícula ou se tornar um aerossol e entrar no organismo via respiratória”.
Ou seja, o contato dessas partículas tão pequenas com o organismo do ser humano, ou de outros animais e sistemas biológicos pode provocar reações e respostas não observadas anteriormente, ou não desejadas.
“Como as nanopartículas são da mesma escala de tamanho dos componentes celulares típicos e das proteínas, elas são suspeitas de escapar das defesas naturais do organismo humano. E isso pode levar a danos celulares permanentes”, explica Valéria Pinto.
“Estudos toxicológicos com testes in vivo e in vitro relatam potenciais efeitos para alguns tipos de nanomateriais como, por exemplo, a resposta inflamatória potencial e estresse oxidativo. Isso pode culminar na mutagenicidade [mutações], carcinogenicidade [geração de câncer], problemas na reprodução, entre outros efeitos”, completa.
A apresentação completa pode ser acessada no YouTube da Fundacentro