Pesquisa avalia condições de trabalho de mais de 400 juízes

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A precarização do trabalho é um tema atual e recorrente nos mais diversos setores produtivos. No entanto, pouco se conhece sobre a organização e condições de trabalho de categorias altamente qualificadas da administração pública, como a dos magistrados.

Estudioso do mundo laboral, o professor de sociologia Giovanni Alves, da  Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus Marília, realizou uma pesquisa pioneira para avaliar os impactos da modernização do judiciário brasileiro sobre as condições laborais e a saúde dos juízes do trabalho. A pesquisa foi realizada com 440 magistrados trabalhistas de todo o País, cujo resultado foi o lançamento do livro O Trabalho do Juiz, pela Editora Praxis, e um vídeo documentário encartado na publicação (veja o trailer).

De acordo com o professor, a incorporação do processo de gestão por produtividade no judiciário brasileiro nos últimos 15 anos, associado às novas tecnologias, têm sido responsável por um alto índice de adoecimento desses profissionais, como estresse, síndrome do pânico, ansiedade, depressão, segundo os relatos dos próprios juízes. Giovanni lembra que hoje eles trabalham com metas de produção e são avaliados por critérios de desempenho e eficiência. “O resultado é a intensificação do trabalho que cria a figura do juiz 24 horas, comprometendo a saúde física e mental dos magistrados”, explica o pesquisador.

Ele alerta que a introdução da lógica da produção de mercadorias na gestão do judiciário, onde “matar um processo” pode tornar-se a regra para alcançar as quantidades desejadas e exigidas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), descaracteriza a instituição social da justiça, como também vem ocorrendo nas áreas da educação e da saúde. “A precarização do trabalho de magistrados, médicos ou professores, não precariza apenas a pessoa que trabalha, mas também os produtos da atividade profissional desses trabalhadores públicos, corroendo o seu valor social”, complementa o sociólogo.

O estudo de Giovanni foi tema do podcast Podprevenir. Clique aqui para ouvir a entrevista na íntegra.

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