O Brasil, hoje, está entre as referências globais em suporte à produção fabril e ao desenvolvimento de estudos para vestimentas protetivas agrícolas – abrangentemente conhecidas como EPIs. Há 15 anos, no entanto, nem sequer existiam no País normas técnicas que permitissem analisar a qualidade e a segurança desses produtos.
Esse panorama começou a mudar em 2006, com o Programa IAC de Qualidade de Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura, conhecido como IAC-Quepia. O programa nasceu do encontro de um grupo de companhias fabricantes de vestimentas agrícolas e o Instituto Agronômico (IAC) com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
“O ‘Quepia’ se converteu em um dos primeiros programas de parceria público-privada associados à pesquisa agrícola. Seus resultados respaldam a relevância estratégica do modelo”, afirma Hamilton Ramos, pesquisador do Centro de Engenharia e Automação (CEA), do Instituto Agronômico (IAC). O programa funciona desde o surgimento dentro da área do CEA, na cidade de Jundiaí (SP).
Com a ajuda do programa, as reprovações de vestimentas agrícolas protetivas brasileiras caíram de 80%, em 2010, para menos de 20% nos dias de hoje. O uso do EPI agrícola, vale lembrar, é essencial para proteger a saúde do trabalhador durante a aplicação de agrotóxicos nas lavouras. Ao contribuir para reduzir o contato direto entre o agricultor e os produtos químicos, o equipamento colabora para diminuir os problemas de saúde decorrentes dessa interação.
“Trata-se de um ganho enorme. Isso fortaleceu a proteção do trabalhador rural e deu base técnica para que o Ministério de Trabalho, em 2009, extinguisse o Certificado de Aprovação (CA) por responsabilidade, obrigando a indústria a buscar certificações com base em normas da ISO – International Standartization Organization – para seus produtos”, diz Ramos.
Próximos passos
Com 15 anos completados em maio, o IAC-Quepia investe agora para estender sua abrangência à pesquisa. Quer, por exemplo, avaliar a qualidade de luvas protetivas e elaborar metodologia para verificar resíduos de produtos em vestimentas após sua vida útil. O laboratório do programa, em Jundiaí, deverá receber ainda este ano seu certificado de Acreditação Internacional, que o colocará em um grupo restrito de unidades aptas a realizar mais de 25 testes de certificação baseados em normas da ISO.