Estudo avalia condições de trabalho de profissionais de saúde durante a pandemia

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Como se poderia imaginar, os profissionais da área da saúde estão esgotados. É o que aponta pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), segundo a qual 95% desses trabalhadores tiveram suas vidas impactadas de modo significativo pela pandemia. Metade relatou jornadas excessivas (mais de 40 horas semanais), 45% disseram precisar de mais de um emprego para sobreviver e quase 20% confessaram o medo generalizado de se contaminar no trabalho.

“A pandemia revelou a essencialidade da saúde em nossas vidas e paradoxalmente, revelou o quanto os profissionais de saúde não são considerados e respeitados nesse processo”, afirma Maria Helena Machado, coordenadora do estudo.  “Após um ano de caos sanitário, a pesquisa retrata a realidade daqueles que atuam na linha de frente, marcados pela dor, sofrimento e tristeza, com fortes sinais de esgotamento físico e mental”.

Os dados indicam que 43% dos profissionais não se sentem protegidos no trabalho de enfrentamento da Covid-19, e o principal motivo (23%) está relacionado à escassez ou inadequação de equipamentos de proteção individual (EPIs). Graves também foram os prejuízos à saúde mental relatados, como perturbação do sono (15,8%), irritabilidade/choro frequente/distúrbios em geral (13,6%) e incapacidade de relaxar/estresse (11,7%).

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O levantamento foi amplo e contemplou, além de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos e administradores hospitalares, um expressivo número de residentes e graduandos da área da saúde, em mais de dois mil municípios. A maior parte da força de trabalho é formada por enfermeiros (58,8%) e médicos (22,6%), e é majoritariamente feminina (77,6%).

Fake news

A pesquisa abordou, ainda, as percepções dos profissionais acerca das fake news propagadas ao longo da pandemia, como em relação à adoção de medicamentos ineficazes para prevenção e tratamento. Mais de 90% disseram que as falsas notícias são, sim, um verdadeiro obstáculo no combate ao novo coronavírus. Além disso, 70% afirmaram que os posicionamentos das autoridades sanitárias não têm sido consistentes e esclarecedores.

O questionário sobre as Condições de Trabalho dos Profissionais de Saúde no Contexto da Covid-19 no Brasil obteve mais de 25 mil participantes de mais de 2 mil municípios. Desses, aproximadamente 16 mil representam o universo das profissões de saúde. As demais categorias, que incluem técnicos, auxiliares e trabalhadores de nível médio, fazem parte da pesquisa “Os trabalhadores invisíveis da Saúde”, cujos resultados serão divulgados ainda neste ano.

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